O que não queremos ver

Olhar para uma situação e imaginar o seu desfecho nem sempre é proporcional à realidade. Dar espaço a pessoas que estejam sem abrigo, vivendo na exclusão social e na pobreza, são o mote para a exposição “O que não queremos ver”. Concebida pela artista plástica Dora Tracana, a instalação, que vai estar aberta ao público por apenas 24 horas no dia 20 de março na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, é uma amostra do que será exibido na Bienal de 2015 de Nova York.

eu tentei mostrar aquilo que vi

A mensagem que a artista quer passar com a exposição é: olha, vê e pensa. “Por vezes há um certo receio de passar junto de certas pessoas, mas não podemos encarar as coisas dessa maneira”, revela a autora. “Depois de ter contacto com várias pessoas sem abrigo que a principio teria passado longe, mas depois de três minutos de conversa comigo já estavam a falar e tinham uma necessidade enorme de explicar o porquê de terem chegado ali” acrescenta Dora Tracana.

A exposição é composta por vídeos e fotografia, cujo suporte é o plástico e o cartão, “material usado pelos sem abrigo para se taparem ou se protegeram da chuva” diz a artista. Tanto os suportes das fotografias como dos vídeos não estão ao nível do olhar. Uma opção feita por Dora Tracana para “fazer as pessoas olharem para baixo”.

A qualidade dos vídeos varia muito e tem pouca importância para a artista: “eu tentei mostrar aquilo que vi”. O que realmente se destaca são as áreas envolventes e as histórias que as acompanham. Alguns vídeos foram filmados debaixo de escadas, no meio da rua. “tentei captar mais a emoção, o rosto. Espero que passe alguma coisa cá para fora”, finaliza a artista plástica.