Assembleia da República vota por unanimidade voto do louvor à Associação António Fragoso

11 dezembro, 2017≈ 4 mins de leitura

© DR | Associação António Fragoso

Subscrito por todos os partidos com assento na Assembleia da República (AR), o voto de louvor à Associação António Fragoso foi votado por unanimidade a 7 de dezembro.

Em 2018 assinala-se o centenário da morte de António Fragoso e a Universidade de Coimbra (UC) associou-se às iniciativas In Memoriam António Fragoso. Pode conhecer melhor o programa do centenário “In Memoriam António Fragoso” aqui. Sobre a Associação António Fragoso, aqui.

Voto de Louvor a António Fragoso, votado na Assembleia da República
No ano de 2018 assinala-se o centenário da morte de António Fragoso, um caso admirável de talento musical raro e maturidade precoce, ceifados na flor da juventude pela vaga de gripe pneumónica que há um século dizimou as populações da Europa.
Em outubro de 1918 António Fragoso estava a trabalhar a sua última obra, uma sonata para violino e piano. Pouco tempo antes, a 3 de julho, tinha concluído o curso de piano, no Conservatório Nacional, com 20 valores. Já então era um pianista e compositor considerado, sobretudo pelos colegas, apesar de contar apenas 21 anos e de estar inserido num meio modesto. Os concertos que tinha dado nesses dois últimos anos, 1917 e 1918, tinham-lhe permitido tocar publicamente muitas das suas obras. A sua grande aspiração, nessa altura, era a ida para Paris, para estudar composição com os grandes mestres. O seu falecimento prematuro travou um percurso que à época se augurava impressionante.
António Lima Fragoso nasceu em 1897 na aldeia da Pocariça, concelho de Cantanhede, distrito de Coimbra, e ali viveu os seus primeiros anos. A sua família, reconhecidamente culta – o único livro sobre a Pocariça foi escrito e editado por seu pai –, permitiu-lhe aprender cedo as primeiras letras e notas musicais. O seu tio, António Santos Tovim, médico em Cantanhede, ensinou-lhe a ler as pautas musicais e a tocar piano. Mais tarde, em 1907, foi para o Porto, para frequentar o Curso Geral dos Liceus. Ficou a residir na casa de um tio e padrinho, Professor Doutor José d’Oliveira Lima. É no Porto que frequenta o Conservatório e continua a estudar piano, com Ernesto Maia.
À medida que a sua música se ia dando a conhecer em múltiplos concertos, muitos foram os que a enalteceram – Lourenço Varela Cid, António Fernando Cabral, Fernando Botelho Leitão, Adriano Merêa, Oliva Guerra… João de Freitas Branco refere que entre as suas peças “se encontram páginas surpreendentes num compositor com menos de 21 anos”. Com base nos reportórios dos seus concertos, é possível afirmar que António Fragoso obrigatoriamente conheceu, detalhadamente, Schubert, Mendelsshon, Chopin, Schumann e Liszt, para além de César Franck, Brahms e Grieg. Todos os musicólogos que estudaram a sua música apontam ainda influências de compositores seus contemporâneos como Fauré, Rachmaninov e Debussy.
Desde 2009 que o estudo, a revisão, a edição e a difusão das obras musicais deixadas por António Fragoso são impulsionados pela Associação António Fragoso (AAF), que, sob a presidência de Eduardo Fragoso Martins Soares, tem desenvolvido um trabalho assinalável para o conhecimento de Fragoso e da sua obra, contribuindo ainda para perspetivar a relevância dessa obra no seu tempo.
Neste contexto, a Assembleia da República formula um voto de saudação à Associação António Fragoso no momento em que esta assinala o centenário da morte do compositor, através de mais de uma centena de iniciativas culturais a realizar em cerca de quarenta localidades do território nacional e quatorze concertos no estrangeiro, divulgando ampla e dignamente o legado musical e literário de António Fragoso.
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