Botânico Jorge Paiva distinguido pela SPECO

11 setembro, 2018≈ 4 mins de leitura

© UC | Marta Costa

O cientista Jorge Paiva, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), vai ser distinguido com o estatuto de sócio de honra da Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO).

A cerimónia tem lugar na próxima sexta-feira, dia 14 de setembro, pelas 11 horas, no Anfiteatro I (1.º andar – Antropologia) do edifício São Bento do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC.

Na ocasião, o botânico e ecólogo irá proferir uma palestra intitulada “Tectónica de placas: testemunhos fitogeográficos”. Esta palestra, com entrada livre, assinala o Ecology Day, da SPECO, dia que pretende dar maior visibilidade à Ecologia feita em Portugal, aos trabalhos e caminhos que esta ciência holística aponta, rumo à construção de um desenvolvimento humano mais sustentável.

A iniciativa tem a colaboração do Centre for Functional Ecology (CFE) da FCTUC.

 

Resumo da palestra “Tectónica de placas: testemunhos fitogeográficos”, Jorge Paiva
No Globo Terrestre, a “Gaiola” ou “Ilha do Universo”, onde vivemos, há vida porque há água e energia, particularmente solar. Por isso, a água (H2O) é o composto químico maioritário em qualquer célula viva. Cerca de 60% do corpo humano é água.
Assim se compreende que a vida se iniciou no Planeta Terrestre no seio de água aquecida, o designado “Caldo Quente”. Isto é, água e energia são os princípios da vida na Terra.
A transmigração dos seres vivos do meio aquático para o meio terrestre, implicou a difusão da água por todo o corpo, através de um líquido (sangue, nos animais; seiva, nas plantas), transportado por vasos (veias e artérias, nos animais; floema e xilema, nas plantas).
Durante a última “Pangaea” já havia plantas terrestres vasculares, as Pteridófitas, que dominaram durante o Carbonífero e Pérmico, declinando no Triássico. As primeiras plantas produtoras de sementes (extraordinária adaptação ao meio terrestre) surgem ainda no Carbonífero e predominam durante a formação da Laurásia e “Gondwana”, isto é, durante o Jurássico e Cretácico, declinando no Terciário. Quando surgem as plantas com flores e frutos (adaptação à elevada zoodiversidade), as Angiospérmicas (final do Jurássico princípio do Cretácico), inicia-se a separação da América do Sul do Continente Africano. Quando as Angiospérmicas se encontravam já em plena expansão (Cretácico -Terciário) dá-se a disjunção da Australásia do extremo Sul da América.
Assim se compreende a existência de espécies de Angiospérmicas extremamente semelhantes, no extremo ocidental do Continente Europeu (litoral ocidental da Península Ibérica) e no extremo nordeste do Continente Norte Americano [litoral sudeste do Canadá (Estados do Québec, New Brunswick e  Nova Scotia) e nordeste dos Estados Unidos (Estados  do Maine, New York, New Jersey e Massachusetts)]. Tal como nos Andes e nas ilhas subantárticas entre o extremo sul da América e a Austrália.
Exemplos mais recentes ilustram semelhanças fitogeográficas de elevações orográficas resultantes da compressão entre placas adjacentes (Timor e Austrália, por exemplo) e distribuições fitogeográficas aparentemente disjuntas (exemplo a família das Araucariaceae).

 

Cristina Pinto
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