Conheça Manuel Faria, músico e compositor da ópera de homenagem a Coimbra

O concerto de comemoração do centenário de Manuel Faria ocorre a 18 de novembro no Convento de São Francisco.

14 novembro, 2016≈ 4 mins de leitura

© UC | Karine Paniza

Manuel Faria, primogénito de 11 filhos de família minhota, nasceu numa altura em que que a maioria dos rapazes só estudavam até à primária. Os que queriam continuar iam para o seminário. E Manuel Faria assim fez pois sempre foi um apaixonado pelos livros. Passou por momentos felizes e difíceis. Aos 16 anos perde o pai e sente-se responsável pela família. “Quando alguém ia casar, batizar um filho ou apenas precisava de um conselho, era ao tio Manuel que todos recorriam”, explica a presidente da Fundação Manuel Faria e sobrinha do músico, Cristina Faria.

Acabou o seminário antes da idade prevista e começou a segunda grande fase/paixão da sua vida – a música.

está na hora de conhecermos melhor a obra e a vida de Manuel Faria, porque ele merece e a sua obra também

Foi para Roma estudar no Pontificio Istituto di Musica Sacra, “de onde saiu com um magistério de música sacra com a pontuação mais alta possível”, afirma Cristina Faria. Mas era uma altura complicada, durante a Segunda Guerra Mundial. Eram as cartas que escrevia para a família que revelava, através de estratégias para fugir à censura, a situação difícil que se passava em Itália naquele momento.

Finalmente retorna a Portugal, mas vê o seu lugar no seminário ocupado por outra pessoa. Começa então uma peregrinação involuntária, cuja necessidade de sustento cria a oportunidade de percorrer várias freguesias do norte e nordeste do País.

Surge então a primeira grande obra de Manuel Faria, a renovação da música litúrgica em Portugal. Em paralelo, inspirado pelas tradições portuguesas, começa a compor e a escrever outros géneros.

Elege a voz como o instrumento predileto.  Chega a compor uma Ópera: O Auto de Coimbra, que fala da libertação de Coimbra dos Mouros.

A família esteve sempre ao seu lado e a proximidade com seu Irmão Francisco, formado em direito pela Universidade de Coimbra e também músico, deu origem a muitas colaborações e muitas tardes de conversas musicais.

Muitas das obras de Manuel Faria ainda são inéditas e grande parte de seu espólio só agora começa a ser conhecido. “Por estar fora do eixo Porto/Lisboa viu-se muito prejudicado”, desabafa a sobrinha. O importante é “reconhecer o seu valor e a sua qualidade musical”, acrescenta Cristina Faria.

Em 1961, Manuel Faria tornou-se bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, voltando a Itália para aprofundar os estudos na área da Composição. Responsável pela criação da Semana de Música Sacra em Braga e da Nova Revista de Música Sacra, em 1972, recebeu o 1.º Prémio do Concurso Nacional de Carlos Seixas. Em 1983, foi agraciado com o grau de Comendador de Santiago de Espada.

São, no total, 286 manuscritos e 230 obras que se encontram na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e que agora vão ser tornadas vivas durante o concerto de comemoração do centenário de Manuel Faria. Nas palavras de Cristina Faria, “está na hora de conhecermos melhor a obra e a vida de Manuel Faria, porque ele merece e a sua obra também”.

Veja aqui mais informações sobre a biografia de Manuel Faria.

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