Equipa internacional de cientistas analisa as dinâmicas da reconstrução social de Angola no Pós-guerra

Entre 2007 e 2013, três dezenas de cientistas da Alemanha, Angola, Namíbia e Portugal, através da Universidade de Coimbra, estudaram os processos de reconstrução social de Angola, após a Guerra Civil.

11 outubro, 2016≈ 3 mins de leitura

© UC | Cristina Pinto

Entre 2007 e 2013, três dezenas de cientistas da Alemanha, Angola, Namíbia e Portugal, através da Universidade de Coimbra (UC), estudaram os processos de reconstrução social de Angola, após a Guerra Civil que terminou em 2002.

Os resultados da investigação, financiada pela Fundação Volkswagen, deram origem ao livro “Dynamics of Social Reconstruction in Post-War Angola”, que acaba de ser publicado, com editoria de Fernando Florêncio, antropólogo e especialista em estudos africanos da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

A obra apresenta um retrato exaustivo do estado da arte da política em Angola, abordando os complexos processos nacionais de construção do Estado e o papel dos atores políticos ao nível local, bem como uma avaliação antropológica e psicológica dos traumas deixados pela Guerra.

Uma das grandes mais-valias do estudo vertido neste livro, destaca Fernando Florêncio, “é verificarmos a pluralidade de atores na construção do Estado e a forma como o partido MPLA impõe a sua vontade apenas nas grandes cidades e esquece as populações rurais que vivem problemas gravíssimos”.
Nas zonas rurais, prossegue, “assiste-se a uma ausência de Estado e o poder é exercido pelas Autoridades Tradicionais (Sobas) e pela Igreja, nomeadamente a Igreja Protestante. No entanto, estes atores locais têm agendas muito próprias. Há uma diferença gigantesca entre o discurso nacional e as práticas locais”.

O estudo expõe também os problemas de integração dos deslocados de guerra e os traumas gerais que a guerra provocou na população, especialmente nas províncias centrais mais afetadas, Huambo e Huíla. “Os deslocados de guerra que vivem nos subúrbios das grandes cidades de Luanda, Huambo e Lubango ainda hoje enfrentam grandes problemas de inserção e traumas graves” nota o também docente e investigador do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC.

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