Jorge Paiva vai falar sobre “A Pluvisilva (Amazónia) e Sobrevivência Humana” no Rómulo

29 outubro, 2019≈ 4 mins de leitura

© UC | Karine Paniza

Na próxima quarta-feira, dia 30 de Outubro, às 18h00, no âmbito do ciclo de palestras de cultura científica, Ciência às Seis, realiza-se no RÓMULO – Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra, a palestra intitulada “A Pluvisilva (Amazónia) e Sobrevivência Humana” com Jorge Paiva, biólogo e investigador do Centre for Functional Ecology – Science for People & the Planet (CFE) da Universidade de Coimbra.

A entrada é livre e destinada ao público em geral interessado em cultura científica.

 

Sinopse da Palestra:
“Apesar de todo o conhecimento existente, as florestas continuam a ser derrubadas a um ritmo verdadeiramente alucinante e drástico. Actualmente, com potentes máquinas e sofisticadas técnicas, por cada 11 segundos é derrubada uma área de floresta tropical correspondente à superfície do relvado de um campo de futebol, ou seja o equivalente à área de Inglaterra por ano. Assim, resta no Globo Terrestre pouco mais de 20% da cobertura florestal que existia depois da última glaciação (Würm), isto é, após o início do período actual, o Holoceno (Antropogénico). Números da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) revelam que, na década de 2000 a 2010, 13 milhões de hectares/ano dessas florestas tropicais foram derrubados. Por exemplo, no Brasil, que está entre os cinco países com maior área de floresta, a perda chegou a 2,6 milhões de hectares anuais. Da “Mata Atlântica” brasileira, outro ecossistema florestal subtropical, resta menos de 6% do que existia quando os portugueses descobriram o Brasil.
Sabemos que as florestas, particularmente as equatoriais (pluvisilva), devido à elevada biomassa vegetal que elaboram, são ecossistemas de elevadíssima biodiversidade. Sabemos, ainda, que é nestas florestas, que estão os maiores produtores de biomassa (árvores com mais de 5.000 toneladas), um enorme volume de sequestradores de carbono (plantas), pela quantidade de dióxido de carbono (CO2) que utilizam e imensas (plantas) fábricas naturais de oxigénio (O2).
Para a criação massiva de gado bovino são necessárias amplas áreas de pastagens, o que levou ao derrube de enormes superfícies de florestas, particularmente das tropicais. Além de ter sido mais um contributo para o aumento de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera devido à devastação da floresta tropical, o elevadíssimo número de reses, constitui, actualmente, um dos maiores factores de poluição atmosférica, pois cada um destes ruminantes liberta, diariamente, para a atmosfera cerca de 50 litros de metano.
Devastação florestal, particularmente da pluvisilva, e imensas manadas com inumeráveis cabeças de gado bovino, são, actualmente, dos factores mais relevantes que contribuem para as alterações climáticas e, consequentemente, para o Aquecimento Global.
Além de tudo isso, para se conseguirem rapidamente vastas áreas desarborizadas para campos agrícolas e agropecuária, anualmente incendeiam-se áreas florestadas de maneira incontrolada e devastadora, aumentando ainda mais o volume de gás carbónico (CO2) na atmosfera.
Apesar de se saber isso, a grande maioria da população mundial não tem a mínima noção do que está a acontecer ao planeta em que vivemos e que não é mais do que uma pequeníssima “ilha” do Universo, que temos vindo a desflorestar, assim como também é uma enorme “gaiola”, que temos vindo a poluir há milénios (depois da designada “Revolução Industrial” emitimos para a atmosfera terrestre 72.000 produtos químicos que ali não existiam) e a provocar-lhe uma elevação de temperatura tal que se tornará inabitável para a espécie humana.”

 

 

Milene Santos
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