UC estuda novo acesso à Biblioteca Joanina com a chancela de Souto Moura

19 dezembro, 2018≈ 4 mins de leitura

© UC | Marta Costa

Para preservar uma das suas jóias mais reconhecidas a nível mundial e melhorar as condições em que pode ser visitada, a Universidade de Coimbra está a estudar a criação de um novo acesso à Biblioteca Joanina. O projeto foi contratado ao conceituado arquiteto Eduardo Souto Moura (galardoado com o Prémio Pritzker em 2011).

Em causa está o estudo da área envolvente à Biblioteca Joanina para desenvolver um novo acesso qualificado, que permita proteger este importante património – considerado uma obra-prima do barroco português e uma das mais belas bibliotecas a nível mundial – e simultaneamente melhorar a acessibilidade e o conforto dos visitantes. A definição desse novo acesso (seja sob a forma de antecâmara ou de outro tipo) “permitirá estabilizar a temperatura interior e evitar a entrada de partículas de pó” para a sala principal, explica o diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, José Augusto Bernardes.

A encomenda a Souto Moura do estudo de uma entrada alternativa para a Biblioteca Joanina segue-se a outros esforços de preservação do espaço, mandado erguer por D. João V entre 1717 e 1728, e do seu rico espólio, que inclui cerca de 58 mil livros (editados entre o início do século XVI e o final do século XVIII). Nos últimos anos, foram tomadas várias medidas nesse sentido: a alteração do acesso (que passou a fazer-se pela porta lateral que conduz diretamente ao piso térreo e não pela porta principal), o controlo rigoroso do número de turistas que a visitam em simultâneo; o reforço da limpeza dos diferentes pisos e o controlo dos níveis de humidade, temperatura e partículas.

Também recentemente, a Universidade de Coimbra investiu em trabalhos de restauro da porta do edifício da Biblioteca Joanina e de limpeza e restauro da fachada principal e procedeu à aquisição e instalação de um equipamento ainda raro no panorama nacional: trata-se de uma câmara de anoxia (equipamento que repõe os níveis de humidade e faz a desinfestação de fungos e parasitas dos livros, sem recurso a químicos). “A instalação deste dispositivo revelou-se de enorme importância para a preservação dos documentos. A sua instalação, ocorrida há cerca de 18 meses, permitiu o início de um programa de higienização dos cerca de 58 000 volumes que se encontram no edifício”, refere José Augusto Bernardes.

Além de ser o ex-líbris turístico da Universidade de Coimbra, visitado anualmente por cerca de 500 mil pessoas (dados de 2017), a Joanina não deixou de ser uma biblioteca viva. Ao longo do ano em curso, mais de 600 obras foram objeto de requisição por parte de investigadores nacionais e estrangeiros, certificando a valia e a raridade dos documentos que se encontram à guarda da Universidade.

 

Rui Marques Simões
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