“A academia tem o papel mais importante que é fazer a ciência que nos permita estar melhor preparados” para enfrentar as pandemias do futuro

Especialistas em saúde epidemiológica e saúde mental nacionais e internacionais participaram do evento que contou ainda com a assinatura de protocolos de cooperação entre a Universidade de Coimbra e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Ale

22 julho, 2021≈ 5 mins de leitura

© UC | Paulo Amaral

“Aprendemos que a liderança e o foco são importantes, a cultura de ação é importante, o processo de decisão muitas vezes deve ser tomado na incerteza, e é necessária a mobilização de todos os recursos, incluindo a da comunicação”, afirma o Vice-Almirante Henrique Gouveia e Melo. Presente na Universidade de Coimbra (UC) para a conferência inaugural da iniciativa internacional “Saúde Global em Pós-Pandemia”, o Coordenador da Task Force para a elaboração do Plano de vacinação contra a COVID-19 em Portugal reconhece que “o combate [ao vírus] não é uniforme a nível mundial”, Henrique Gouveia e Melo sugere a possibilidade de convivência com “o vírus de forma endémica – não me parece que vá desaparecer da comunidade global, muito menos no nosso País”.

Por essa razão, o coordenador sublinha a importância da academia “criar conhecimento, de fazer a análise e filtrar do dia-a-dia as linhas mestras do que serão as guias para o futuro, e isso é ciência”. De acordo com o responsável, “a academia tem o papel mais importante, que é fazer essa ciência que nos permita, no futuro, ao enfrentarmos pandemias deste género, estejamos melhor preparados do que estivemos quando enfrentámos esta”.

“O contexto de hoje obriga-nos a lidar de maneira diferente”, acredita o Presidente do Conselho de Administração da Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Luís Goes Pinheiro. E há um conjunto de práticas que, para o responsável, “tem vindo a ajudar a criar mudança de mentalidade dos agentes”. Responsável pela conferência final do evento, o responsável referiu várias iniciativas de um “pacote significativo para alavancar a mudança”, desde aplicações desenvolvidas e disponibilizadas, a programas e mesmo “no âmbito da vacinação, com modelos centralizados, maior capacidade de gerar expetativa no utente e gerar resultados”, Luís Goes Pinheiro sublinhou a importância da tecnologia como “uma das principais bengalas para a transformação” a que hoje assistimos e que será útil para o futuro.

A desigualdade e a necessidade de solidariedade global foi destacada ao longo de todo o evento. “A pandemia veio mostrar que não há pobres nem ricos, não há norte nem sul, há apenas um planeta”, reforçou o Reitor da UC, Amílcar Falcão. “Temos de pensar que a saúde global de nada vale sem equidade global – devemos ser mais solidários e tentar esbater as desigualdades e uma das formas de o fazer é através do Ensino”, defende o responsável da Universidade de Coimbra. Para Amílcar Falcão, “o cruzamento de culturas origina o cruzamento de ideias e, com isso, todos ganhamos”.

protocolo Porto Alegre BR

Quanto à situação atual em Portugal, Henrique Gouveia e Melo recorda que o País, em 2020, entrou “num túnel muito longo, sem ver a luz ao fundo”. Hoje afirma que está a meio do caminho, e que “são os nossos comportamentos e a nossa capacidade que pode pôr a luz mais distante ou sairmos mesmo do túnel”. Com a chegada do Verão, o coordenador da Task Force defende que “há comportamentos que devem ser mitigados e autodisciplinados”.

Por outro lado, a juntar a esses comportamentos, o Vice-almirante acrescenta “o negacionismo e o obscurantismo” que podem levar a “uma maior dificuldade para o nadar os últimos metros até à praia”. Fazendo uso de uma outra metáfora, Henrique Gouveia e Melo afirma que “depois de atravessar um grande oceano, não podemos perecer na rebentação”, mas mostra-se confiante confiante.

 

Reveja a sessão na íntegra aqui.

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Marta Costa e Karine Paniza
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