A literatura para definir a cultura da língua

04 dezembro, 2015≈ 3 mins de leitura

© UC | François Fernandes

A décima primeira e última sessão paralela do Congresso Internacional de Língua Portuguesa: Uma Língua de Futuro viu a literatura como base para discutir a língua, a história, a cultura e a representação de países e povos. Na sala B do Convento de São Francisco Ana Seiça Carvalho, Denise Dias, Flávio García, Luciana Morais da Silva e Kathryn Bishop-Sánchez sentaram-se à mesa para discutir o tema “Pluralidade e diversidade da língua portuguesa”.

Ana Seiça Carvalho trouxe para a sala Martin Heidegger e Virgílio Ferreira ao usar citações dos autores para uma reflexão acerca do que é a língua. “A língua: um mecanismo delicadíssimo (…) mais resistente que o aço” foi uma discussão de como, “enquanto sistema formal, um idioma mantém marcas de origem que se fundem com as do homem”. A oradora explicou também que “a língua é o modo do homem se reconhecer” e de “criar pontes para comunicar com os outros.

Por seu lado, Denise Dias baseou-se nos romances Mar Morto e Capitães da Areia de Jorge Amado para caracterizar a forma como o autor brasileiro “rompe com os padrões tradicionais da literatura” ao associar o “lirismo à critica social”. Nestas obras, o autor “satiriza através de um tom coloquial”, enquanto “acentua a riqueza popular brasileira”. Também a “relação da linguagem usada com a vida e história das personagens” foi um ponto abordado na comunicação “Olhares sobre um percurso: história, cultura e língua na obra de Jorge Amado”.

“Os mundos ficcionais de Mia Couto e seus referentes na pluralidade linguística do sistema lusófono” foram o foco de Flávio García e Luciana Morais da Silva. Os especialistas em literatura africana e portuguesa viram o autor moçambicano como “inovador na forma de representação” do seu país. A “criatividade linguística” e a forma como “escapa aos códigos da escrita” tornam o seu processo ficcional “original”, nas palavras dos autores.

Ao contar a sua primeira visita a Portugal, Kathryn Bishop-Sánchez começou a comunicação “A língua de Camões: sobrevida de uma expressão no mundo lusófono”. Nesta visita, Camões foi apresentado à especialista em estudos literários como o “Shakespeare português”, o que a levou a perceber o “impacto d’Os Lusíadas na história portuguesa, europeia e mundial”. A autora apresentou o poeta como “símbolo de uma língua portuguesa viva e em evolução”. Não é por acaso que o português é chamado a “língua de Camões”.

 

Reportagem realizada por Vasco Sampaio, estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

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