CES vence duas bolsas ERC ‘Consolidator Grant’, no valor de quatro milhões de euros

20 fevereiro, 2015≈ 4 mins de leitura

© UC | François Fernandes

Duas bolsas Consolidator Grant do Conselho Europeu de Investigação (ERC), no valor aproximado de 2 milhões de euros cada, foram atribuídas a dois projetos de investigação do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra coordenados, respetivamente, por Margarida Calafate Ribeiro e Helena Machado.

Margarida Calafate Ribeiro coordena a equipa que desenvolverá o projeto «MEMOIRS – Os Filhos dos Impérios e Pós-Memórias Europeias», que procurará oferecer uma visão radical, alternativa e inovadora da história europeia contemporânea, baseando-se nas heranças coloniais, que caracterizam as sociedades europeias. Este projeto considera que a experiência colonial é uma característica definidora de várias identidades nacionais europeias e procura questionar a sua incorporação em diferentes narrativas nacionais através de processos de memórias herdadas. O seu principal objetivo é mostrar como os processos de descolonização afetaram e continuam a afetar a Europa como um aglomerado de antigos poderes coloniais através das memórias que são transferidas, quer pelos “colonizadores” quer pelos “colonizados”, para as gerações seguintes. A estrutura multicultural das sociedades europeias contemporâneas é assim questionada como um resíduo da descolonização, o que só pode ser compreendido através de uma leitura cientificamente informada e politicamente pós-colonial. O projeto, com duração de cinco anos, será financiado em 1.982.475 euros.

Quanto a Helena Machado, liderará o projeto «EXCHANGE – Geneticistas forenses e a partilha transnacional de informação genética na União Europeia: relações entre ciência e controlo social, cidadania e democracia», cujo objetivo é estudar o papel da genética forense e das tecnologias de ADN na investigação criminal no contexto de políticas de vigilância e segurança pública na União Europeia. EXCHANGE irá focar-se nas práticas de cientistas forenses envolvidos no Tratado de Prüm (também conhecido por Schengen III), que criou, na União Europeia, um sistema de partilha de informação genética, automatizada, entre países, com o propósito de combater a criminalidade organizada, o terrorismo e a imigração ilegal. Com duração de cinco anos, será financiado em 1.838.150 euros.

Conseguidos nos concursos mais competitivos da Europa, este é já o quarto financiamento do ERC que o CES obtém, num total de quase 8 milhões de euros. Depois da Advanced Grant atribuída ao sociólogo Boaventura de Sousa Santos (2010), diretor do CES, no valor de 2,4 milhões de euros, para o projeto de investigação “ALICE – Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências do mundo”, e da Starting Grant outorgada à socióloga Ana Cristina Santos (2013), para realizar o projeto de investigação “INTIMATE – Cidadania, Cuidado e Escolha: A Micropolítica da Intimidade na Europa do Sul” (1,4 milhões de euros).

Neste concurso, para Consolidator Grant, o ERC recebeu mais de 2500 candidaturas, com cerca de 10% a conseguirem financiamento. O seu objetivo é o de apoiar os/as investigadores/as numa fase em que estão a consolidar as suas equipas de investigação independentes.

As bolsas ERC que, com o apoio da UE, financiam a investigação de ponta no espaço europeu, têm sido, de acordo com o CES, “pouco atribuídas a cientistas em Portugal”, pelo que  “é significativa esta dupla atribuição a estudos conduzidos no Centro de Estudos Sociais, representativa da qualidade e inovação de projetos na área dos estudos culturais e dos estudos sociais da genética forense e criminologia”.

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