Ciência no Rómulo com Joana Gonçalves de Sá

30 maio, 2023≈ 2 mins de leitura

Na próxima quinta-feira, dia 1 de junho, às 18h00, realiza-se no Rómulo – Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra, a palestra intitulada “O que quer dizer fazer Ciência na época dos dados e da inteligência artificial?”, com Joana Gonçalves de Sá, investigadora do LIP - Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas, e moderação de Sonia Antón.

A sessão está inserida no ciclo de divulgação científica "Ciência no Rómulo", iniciativa do RÓMULO - Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra, destinada ao público em geral interessado em cultura científica. A participação é livre e gratuita, não sendo necessária inscrição.

Resumo


Durante a conversa irei argumentar que o facto de muitas das descobertas científicas serem comprovadamente úteis e oferecerem aplicações que tornam as nossas vidas genericamente mais saudáveis e confortáveis é simultaneamente uma bênção e uma maldição. Uma bênção, porque tem realmente ajudado a curar doenças ou a lançar satélites e porque isto oferece auto-confirmação (mantém-se como a melhor ferramenta que temos para explicar a realidade). Mas é também uma maldição porque começa a ficar refém do seu próprio sucesso.

Primeiro, está a crescer muito rapidamente, e a explosão na produção científica e no número de pessoas dedicadas à ciência tem consequências na especialização e na imagem da ciência e dos cientistas. Segundo, alimenta a confusão entre ciência, inovação e tecnologia. Este sucesso e a estrutura atual da comunidade científica tornam mais difícil justificar o investimento em Ciência, sem ênfase nas suas aplicações. Ou seja, porquê financiar investigação no sistema imunitário de uma qualquer bactéria, quando se poderia estar a tentar encontrar curas para doenças genéticas? Terceiro, algumas das suas aplicações, como a aprendizagem automática estão a superar os humanos no desempenho de certas tarefas e o seu sucesso pode convencer-nos da nossa própria inutilidade ou, pior ainda, da inutilidade da Ciência que “apenas” tenta compreender o mundo. Por fim, tentarei discutir a tensão criada por o sucesso das aplicações da ciência (da máquina a vapor às plataformas digitais) estar intimamente ligado a uma sociedade responsável pelas alterações climáticas e a graves impactos sociais.

A reflexão final será mais virada para uma ideia de ciência de futuro, para como esta poderia ser, em Portugal e no mundo, tentando apresentar algumas ideias provocadoras.

Breve nota biográfica


Joana Gonçalves de Sá é Investigadora Principal no LIP onde coordena o grupo de investigação em “Social Physics and Complexity - SPAC”. Nasceu no Porto, licenciou-se em Engenharia Física Tecnológica pelo Instituto Superior Técnico e, através do Programa Gulbenkian de Doutoramento em Biomedicina, desenvolveu a sua tese de doutoramento em Biologia de Sistemas na Universidade de Harvard, EUA. No Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), coordenou a Iniciativa Ciência e Sociedade, e dirigiu o Programa de Doutoramento Ciência para o Desenvolvimento (PGCD), com o objetivo de melhorar a ciência nos PALOP.

Recebeu em 2019 uma bolsa do European Research Council para estudar o papel dos enviesamentos do comportamento na partilha de “Fake News”. Utiliza técnicas experimentais e computacionais (“big data” e ciência da complexidade) no estudo do processo decisório, principalmente em política e saúde. Problemas em que atualmente o SPAC trabalha incluem epidemiologia, dinâmica de redes, discurso político e partilha de desinformação.

Partilhe