Descobrir o Brasil no Colégio das Artes através da poética dos seus artistas

A mostra VIVA BRASIL! reúne 57 artistas brasileiros, no bicentenário da Independência do Brasil e está patente até 18 de março no Colégio das Artes da UC.

MC
Marta Costa
KP
Karine Paniza
03 março, 2022≈ 2 mins de leitura

© UC | Marta Costa

Pinturas, fotografias, vídeos e instalações. Quando se entra na mostra VIVA BRASIL!, patente no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra (UC), reconhecemos logo o som dos sapatos a dançar e de vidros a partir. Ao entrarmos nas três salas encontramos a visão de 57 artistas brasileiros, espelhadas em 57 obras, que têm como elo de ligação o bicentenário da independência do Brasil.

“Inicialmente, a mostra seria chamada Viva o Brasil! e seria uma exposição que falaria das coisas belas e boas do país", explica o curador Nelson Ricardo Martins. "Só que, refletindo sobre essa questão, vemos que, apesar do povo maravilhoso e das riquezas potenciais, o país está a viver uma situação política muito difícil”, acrescenta. De acordo com Nelson Ricardo Martins, “embora muitas obras não falem especificamente da questão política, todas estão embasadas com esse pensamento transversal”, daí o nome final, "VIVA BRASIL!".

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Eis o que pode fazer:

“A mostra é um momento de afirmação e de resgate de identidade para a comunidade brasileira” afirma o também estudante de doutoramento do Colégio das Artes da UC.

Nelson Ricardo Martins tem uma ideia particular quando se refere à visão de cada artista na criação da obra. “Eu não chamo de linguagem, chamo de poética”, clarifica o curador. O responsável justifica que “o vídeo é uma poética e a instalação é uma poética. Porque a visão do artista é única e muito poderosa”.

VIVA BRASIL! tem como mote o bicentenário da independência do Brasil e pode ser visitada das 14 às 18 horas, de segunda-feira a sexta-feira, no Colégio das Artes da UC até 18 de março de 2022.

Alguns destaques da mostra Viva Brasil!


Turning Point de Felipe Barbosa é uma instalação que nos remete a diversos movimentos realizados numa partida de ténis, que se encontram congelados em determinado lapso de tempo, entre duas colunas. O jogo imita a lógica perversa da vida, em que sempre haverá vencedores e vencidos. No âmbito desta abordagem, o ponto de inflexão, assim como em uma disputa, pode significar o momento da virada.

Sobrenome, de Mariana do Vale, é uma performance em vídeo em que, a artista, grávida de oito meses, quebra pratos que pertenceram à sua avó. A obra abre diálogo no campo da herança geracional, além de tocar nas questões da violência contra mulher que caracterizaram a invasão das terras brasileiras.

Na Lona, de Rogério Reis. Durante 15 anos, no carnaval de rua do Rio de Janeiro, Rogério Reis montou um estúdio que consistia, apenas, em uma lona como fundo infinito. Os foliões que passavam eram convidados a serem fotografados com as fantasias. As ruas que escolhia para implementar a ação, eram, na sua grande maioria, situadas em bairros com população de baixa renda, o que nos traz a dimensão do carnaval para um povo massacrado pela precariedade imposta pela desigualdade.

Liberdade, a instalação de Rosana Ricalde inclui cerca de 55 dicionários de diversas épocas e idiomas, que tiveram a palavra liberdade retirada pela artista. Rosana retira dos dicionários a palavra que nos é mais cara, enquadrando-a numa moldura. Este ato simbólico, remete-nos a ideia de clausura, mas, também, na possibilidade de elaborarmos os meandros que atravessam a existência e que colocam em risco, muitas vezes de maneira impercetível, o exercício pleno da liberdade.

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