"Eram tudo memórias de alegria" na despedida da Exposição Camões 500
A exposição Camões 500 encerrou na Universidade de Coimbra com poesia, reflexão e forte envolvimento da comunidade académica e escolar.
A exposição Camões 500 despede-se, a 25 de julho, da Sala de São Pedro da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC), concluindo mais de seis meses de evocação contemporânea da vida e obra de Luís de Camões. O encerramento foi assinalado com leituras e o lançamento de um livro, num momento marcado pelo reconhecimento do impacto da mostra junto das comunidades académica, escolar e do público em geral.
“Uma das intenções das comemorações da Universidade era precisamente abrir o património e partilhá-lo com o exterior, e esta exposição cumpriu isso na perfeição”, afirmou o diretor da BGUC, Manuel Portela. A mostra, inserida no programa da Universidade de Coimbra para os 500 anos do nascimento de Camões, propôs um percurso não cronológico, mas temático e sensorial com edições raras e uma forte componente digital.
Paulo Silva Pereira, curador da exposição, destacou o rigor e a abrangência do projeto: “Tentámos construir uma exposição larga, que fosse além da evidência do cânone e que mostrasse também o Camões lido, reescrito e transformado. Foi feita com rigor e profundidade, mas também com flexibilidade, para chegar a diferentes públicos.” O resultado foi uma experiência multimédia acessível, sem renunciar ao rigor no conteúdo, como se viu na diversidade de visitantes.
Filipa Araújo, também curadora da exposição, salientou justamente esse alcance educativo, revelando que o programa de mediação cultural permitiu cumprir um dos grandes objetivos do projeto: “Chegar aos mais novos”. A curadora apontou o número expressivo de visitas escolares como reflexo do interesse suscitado: “Tivemos mais de 2 000 participantes, incluindo 74 grupos escolares, só em visitas guiadas, o que mostra que conseguimos despertar o interesse dos jovens para Camões e para a biblioteca.”
José Augusto Cardoso Bernardes, Comissário Nacional das Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões, considerou a exposição “um projeto extraordinário”, lembrando que só foi possível “porque se juntaram forças”. Essa colaboração envolveu diferentes unidades da UC — BGUC, Turismo UC, Museu da Ciência, Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos e FLUC, com apoio externo de instituições culturais, técnicas e científicas, com particular destaque para a Rede de Bibliotecas Escolares.
O Vice-Reitor para a Cultura e Ciência Aberta, Delfim Leão, encerrou a sessão com um elogio ao trabalho de equipa e um desafio para o futuro “O que fizemos deixou o apetite, digamos, a provacação de que as pessoas gostariam que tivésssemos mais". Considerando que Camões continua a ser lido, reinventado e apropriado em diferentes tempos, afirmou: “Camões é tão grande que serve para todos — os que existem, os que existiram e os que hão de vir.”
O encerramento da mostra contou ainda com a leitura de sonetos da obra "Diálogos entre Camões e Dinamene: 500 Sonetos selecionados a partir de um infinito poético de almas partidas". Desenvolvido por Rui Torres e editado pela Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, o projeto parte do soneto "Alma minha gentil, que te partiste", de Luís de Camões, e estabelece um diálogo com o contrassoneto "Alma minha gentil, que te quebraste", de Manuel Portela. Recorre a técnicas combinatórias para gerar variações ilimitadas dos dois poemas, culminando na publicação de um livro único com 500 sonetos — metade inspirados em Camões e metade no poema de Manuel Portela — selecionados por estudantes do ensino secundário em Portugal.