Estudo com participação da UC identifica novas evidências para investigar a depressão perinatal
A depressão perinatal – que pode surgir durante a gravidez ou até um ano após o parto – afeta cerca de 1 em cada 5 mulheres, e tem impacto não só na saúde mental da mãe, mas também no desenvolvimento do bebé e no funcionamento da família.
O estudo contou com a participação de investigadoras do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.
© UC | DCM
Com o objetivo de melhor compreender as alterações cerebrais decorrentes da depressão perinatal – que pode surgir durante a gravidez ou até um ano após o parto – uma equipa de investigação internacional, que contou com a participação de investigadoras da Universidade de Coimbra (UC), conduziu uma revisão sistemática e meta-análises de todos os estudos disponíveis na literatura sobre o tema.
Esta análise permitiu “mostrar a diferença entre alterações funcionais, estruturais e metabólicas que ocorrem no cérebro de mulheres com depressão perinatal comparativamente às alterações cerebrais em mulheres com depressão noutras fases da vida”, explica a equipa da UC, integrada por Ana Ganho Ávila, Francisca Pacheco, Helena Moreira, Mónica Sobral, Raquel Guiomar e Vera Mateus, investigadoras do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC).
As investigadoras revelam que, nesta revisão, conseguiram identificar “alterações cerebrais distintas na depressão perinatal e na depressão em mulheres noutras fases de vida, sobretudo nas áreas cerebrais envolvidas no processamento emocional”. “Encontrámos também semelhanças na forma como estas e outras regiões do cérebro funcionam, sugerindo que a depressão perinatal pode ter características próprias relacionadas com fatores hormonais e biológicos do período perinatal, além das características comuns com a depressão em geral”, acrescentam.
“A depressão perinatal afeta cerca de 1 em cada 5 mulheres, e tem impacto não só na saúde mental da mãe, mas também no desenvolvimento do bebé e no funcionamento da família”, contextualiza a equipa. Assim, “é importante que seja vista como uma condição com características próprias que marcam este período, como mudanças hormonais; e reconhecer estas diferenças é essencial para melhorar o diagnóstico e para desenvolver tratamentos personalizados, que considerem as necessidades específicas das mulheres neste período”, alertam.
Sobre os novos caminhos de investigação que estas informações podem abrir, o grupo de cientistas da UC acredita que “poderá orientar futuros estudos, nomeadamente a identificação de biomarcadores para deteção precoce e prevenção, a exploração da interação entre alterações cerebrais, fatores hormonais e psicossociais e o desenvolvimento de intervenções mais personalizadas”. “Além disso, sublinha a relevância de estudos longitudinais que acompanhem as mulheres do pré ao pós-parto, bem como de ensaios clínicos que testem intervenções que tenham em conta as particularidades desta condição”, rematam.
O artigo científico Neural correlates of peripartum depression: a systematic review, meta-analysis and comparison to major depressive disorder, publicado na revista científica Molecular Psychiatry, está disponível aqui.