Estudo identifica demora na reação de economias mundiais a informação proveniente das indústrias dos EUA

A incorporação de informação nos sistemas de preços pode permitir a deteção atempada de crises económicas localizadas que podem desestabilizar os mercados financeiros.

CR
Catarina Ribeiro
09 março, 2023≈ 4 mins de leitura

Os investigadores e docentes da UC, Hélder Sebastião, Ana Sofia Monteiro e Nuno Silva.

© UC | Ana Bartolomeu

As indústrias da Alemanha, Canadá, China, França, Japão e Reino Unido demonstram desfasamento na reação a perturbações nas indústrias dos Estados Unidos da América (EUA) devido à demora na transmissão de informação, revela um estudo conduzido por investigadores da Universidade de Coimbra (UC).

Esta demora na incorporação de informação pode ter um papel muito relevante sobretudo para investidores, reguladores e decisores políticos. A informação pode permitir a deteção atempada de crises económicas localizadas que podem desestabilizar os mercados financeiros.

«A assimilação de informação pelos mercados financeiros não ocorre de forma imediata devido a limitações do seu processamento por parte dos seus investidores e a fricções dos mercados e, embora o avanço tecnológico das últimas décadas tenha diminuído o desfasamento entre a produção e a incorporação de informação nos sistemas de preços, em mercados internacionais essa discrepância ainda pode ser visível», contextualiza a equipa de investigação, composta por Ana Sofia Monteiro, Nuno Silva, e Hélder Sebastião, investigadores do Centro de Investigação em Economia e Gestão (CeBER) e docentes da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC).

Neste trabalho científico, os investigadores analisaram a transmissão de informação, através das transações dos investidores, entre as indústrias dos EUA e outras seis grandes economias (Alemanha, Canadá, China, França, Japão e Reino Unido) com recurso a uma base de dados atualizada, que «incorpora períodos recentes de turbulência nos mercados acionistas, resultantes da introdução do Euro, crise do subprime, crise da dívida soberana, tensão comercial China-EUA, Brexit e a pandemia de Covid-19», referem os docentes da FEUC.

Este estudo permitiu evidenciar «o papel de liderança internacional dos EUA, e, em particular, as indústrias de materiais básicos (como metais, produtos químicos, produtos florestais) e da energia, que têm um poder de previsão significativo», avança a equipa de investigação. «Essa liderança é mais pronunciada durante os períodos de recessão, onde as correlações entre os países são maiores, e o processamento é mais lento devido ao elevado nível de incerteza», acrescentam os investigadores.

A investigação permitiu olhar para o mercado dos Estados Unidos da América ao nível das indústrias dado que «embora o mercado dos EUA seja profusamente analisado e escrutinado por investidores e académicos, a maioria da literatura tem-se focado ao nível micro das empresas ou ao nível macro, do mercado como um todo», sublinham os investigadores do CeBER. «Ao olhar para este mercado ao nível intermédio – da indústria – será possível encontrar novas respostas que permitam perceber como os mercados incorporam a informação internacional», remata a equipa de investigação.

O artigo científico "Industry return lead-lag relationships between the US and other major countries" encontra-se publicado na revista Financial Innovation, e está disponível aqui.

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