Mimesis 2022: "Hamlet" na dicotomia entre o real e o virtual
A famosa peça de Shakespeare, produzida pela Companhia de Teatro de Braga, sobe ao palco do TAGV a 15 de junho.
Vamos, sentai-vos; não saireis enquanto não vos apresentar
eu um espelho que o recôndito da
alma vos reflita.
Hamlet; Acto III; Cena III
Em palco estão quatro atores. A mãe de Hamlet e o seu padrasto entendem o mundo como real, mas Hamlet e Ofélia adotam uma visão virtual.
Numa performance sobre a perceção da realidade moderna, a peça “Hamlet”, adaptada por Alexej Schipenko, coloca em confronto estas duas perspetivas.
“Esta peça é sobre essa possibilidade de olhar a realidade a partir de dois pólos de perceção diferenciados, que nós hoje vivemos, nessa ideia de fronteiras: o mundo virtual e o mundo real”, descreve Rui Madeira, diretor da Companhia de Teatro de Braga (CTB).
Dois mundos que coexistem em palco, numa contradição que leva o espetador “a um quotidiano onde nós já não sabemos bem o que é verdade e o que é mentira”. Nas palavras do diretor da companhia, é dessa perceção dual da realidade que “nasce todo o processo criativo do espetáculo”.
O dramaturgo Alexej Schipenko, com quem a Companhia de Teatro de Braga trabalha há cerca de 20 anos, recriou “Hamlet”, de William Shakespeare, numa interação com a vida real dos atores.
“Não há uma vida real e depois uma vida do artista. O palco faz parte da vida do artista”, lembra Rui Madeira.
A Companhia de Teatro de Braga sobe ao palco do TAGV a 15 de junho com a intenção de fazer o público refletir. “Faz parte da nossa responsabilidade como criadores e artistas interagir e suscitar no espetador a discussão.”, concluiu o diretor da CTB.
“Hamlet” encerra a terceira edição do ciclo Mimesis, iniciativa da Reitoria da Universidade de Coimbra, que coloca dezenas de atividades de teatro e artes performativas a percorrer vários palcos da cidade.