Em dezembro estreia uma nova coprodução da Marionet com o Teatro Académico de Gil Vicente. Será um espetáculo especial, tendo em conta o trabalho de pesquisa que a Marionet realiza no âmbito do cruzamento disciplinar entre teatro e ciência, uma vez que é a primeira peça, na história do Teatro, que tem um cientista como protagonista.
“Hoje em dia, a vasta maioria das pessoas reconhecerá que a Ciência é uma componente essencial nas nossas vidas, mas nem sempre teve esse reconhecimento, como testemunha o espetáculo que levaremos a palco.” — Marionet
Escrita pelo inglês Thomas Shadwell e estreada em 1676, O Virtuoso é a primeira peça, na História do Teatro, que tem um cientista como protagonista. Assim, este será um espetáculo particularmente especial, tendo em conta o trabalho de pesquisa que a Marionet tem vindo a realizar, ao longo de mais de 20 anos, no âmbito do cruzamento disciplinar entre teatro e ciência.
O texto, apresentado em Portugal pela primeira vez, retrata a Ciência como um conjunto de atividades ridículas e vãs, realizadas por indivíduos que não têm nada melhor para fazer com o seu tempo. “Esta obra permite-nos colocar em perspetiva o vasto percurso percorrido pelo empreendimento científico, já que, hoje em dia, a vasta maioria das pessoas reconhecerá que a Ciência é uma componente essencial nas nossas vidas, mas nem sempre teve esse reconhecimento, como testemunha este espetáculo.”
Este espetáculo, com encenação de Mário Montenegro (diretor da companhia de Coimbra) é um tratado sobre as variadas formas de relações afetivas entre seres humanos. Nele temos representadas relações conjugais e extraconjugais, amores platónicos, românticos e carnais. E o outro lado destes amores, também — o desencanto, o desprezo, a rejeição, a raiva, a traição, a vingança. “Deste modo, apesar de a obra estar absolutamente ligada ao tempo em que foi escrita, não deixa também de tocar temas intemporais, o que nos permite colocá-los em perspetiva.”
A peça é uma comédia, no típico estilo das escritas no tempo da Restauração da monarquia inglesa, no final do século XVII, ao longo da qual se desenrola um novelo intrincado, em que a novíssima ciência moderna se mistura com a antiquíssima ciência do amor.
A Marionet é uma companhia de teatro de Coimbra com um trabalho continuado de cruzamento das artes performativas com a ciência. Desenvolve criações artísticas originais a partir de temas científicos, realiza investigação na área da interseção artes performativas-ciência, promove trabalhos artísticos colaborativos com cientistas, participa em projetos de formação avançada em centros de investigação científica e está envolvida em projetos de ciência participativa.
Em 2010 foi seleccionada para companhia residente, durante sete meses, no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, no âmbito do Programa Rede de Residências da DGArtes e Agência Ciência Viva. Desde então a companhia tem colaborado com este centro de investigação em atividades de promoção da ciência, no seu programa de formação avançada em biologia experimental e biomedicina na área de comunicação da ciência, assim como em vários projetos artísticos.
Em 2012 iniciou o Centro de Documentação em Artes Performativas e Ciência, um repositório de peças teatrais e ensaios sobre o cruzamento entre estas duas áreas do conhecimento. Em 2015 a atividade da companhia foi financiada pelo cientista e escritor norte-americano Carl Djerassi. Destaca-se também, entre 2009 e 2016, a participação na Noite Europeia dos Investigadores, em parceria com o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, com a criação de peças de teatro em colaboração com cientistas.