Oportunidades e ameaças da diversidade e sustentabilidade no Turismo foram discutidas entre academia e indústria na UC

O congresso internacional que discutiu as oportunidades e as ameaças do setor do Turismo e a articulação entre a ciência, a indústria e a governação decorreu entre 31 de maio e 2 de junho, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

09 junho, 2023≈ 7 mins de leitura

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Na mesma semana em que a Universidade de Coimbra (UC) foi considerada a instituição de ensino superior mais sustentável em Portugal pelo quarto ano consecutivo, a Faculdade de Letras da UC (FLUC) recebeu o congresso “Diversidade & Sustentabilidade – Oportunidades e Ameaças” (DSOTT`23), para discutir as oportunidades e as ameaças do setor e a articulação entre a ciência, a indústria e a governação.

Este encontro científico foi organizado pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, pela Universidade Europeia e pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, em parceria com a Women Research Network, a primeira rede internacional de mulheres investigadoras e docentes da área do Turismo. O evento teve como objetivo marcar no mapa internacional o papel de Portugal como um país onde a investigação e a indústria do Turismo são uma referência.

«Aquilo que mais salientamos deste congresso, foi o formato inovador onde vários investigadores de renome nacionais e internacionais e representantes da indústria turística portuguesa das melhores empresas e organizações se sentaram à mesma mesa e discutiram o presente e o futuro da indústria turística, a conclusão geral é a de que definitivamente existe potencial para uma maior conexão entre a academia e o mundo de negócios, só assim se avançará para um setor mais sustentável», refere Cláudia Seabra, professora da FLUC.

As quatro sessões plenárias foram dedicadas a diferentes temas e permitiram um espaço de debate entre oradores e audiência.

A primeira mesa, dedicada ao tema “Atrair talento e lucro”, teve como oradores Marianna Sigala e Miguel Moital, ambos investigadores do Reino Unido e Pedro Colaço, CEO do Great Hotels of The World e Hugo Teixeira Francisco, CEO da Green Travel. «Por um lado, a Academia vê potencial de crescimento investindo em duas áreas de ensino e pesquisa especialmente relevantes para a indústria do Turismo: inteligência emocional e tecnologia. Por outro lado, concluiu-se que os alunos procuram empresas que privilegiam a sustentabilidade e que permitem um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional. As empresas precisam, por isso, de estar atentas a estes sinais do novo mercado de trabalho para reter talento», indica Sofia Almeida, professora da Universidade Europeia.

A segunda sessão plenária, dedicada ao tema da “Sustentabilidade”, teve como oradores Alessandra Priante, diretora regional para a Europa da Organização Mundial do Turismo, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, Norberto Santos, pela Cátedra da UNESCO Cultura, Turismo e Desenvolvimento e Carlos Costa, diretor da Plataforma Nacional de Turismo. «As principais conclusões deste debate indicam que a estratégia de sustentabilidade turística para Portugal depende do envolvimento de todos os stakeholders para promover uma mudança a todos os níveis, nomeadamente ao nível do planeamento e desenvolvimento urbano com a integração do turismo dos Planos Diretores Municipais, aposta nas energias renováveis, criação de estratégias de comunicação mais consistentes e baseadas em fatos a nível local sobre a importância do Turismo para a economia e desenvolvimento do país. Um dos maiores desafios será manter a nossa autenticidade e singularidade cultural – tão importante para atrair uma forma sustentável de turismo», aponta Rita Peres, da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.

A terceira sessão plenária contou com a participação dos académicos Yoel Mansfeld, de Israel, e Daisy Fan , o Reino Unido; pelo lado da indústria estiveram Ana Cristina Beatriz, da Authentic Hospitality Wellness Projects, e Gonçalo Rebelo de Almeida, presidente Grupo Vila Galé. Nesta mesa, dedicada ao tema da “Diversidade”, «concluiu-se que a diversidade é a razão pela qual o turismo existe, as pessoas viajam para conhecer outros lugares, outras pessoas, outras culturas… Por isso, a diversidade deve ser considerada em relação aos turistas, as suas motivações, necessidades e expectativas. As empresas turísticas têm que ter em consideração aquela diversidade na sua oferta. Por outro lado, a diversidade também deve ser considerada nas equipas profissionais de turismo e hotelaria. Equipas diversificadas são mais bem-sucedidas e a integração de membros da comunidade local ajuda a defender práticas de turismo mais sustentáveis refere Susana Mesquita, investigadora da Universidade de Aveiro e professora do ISAG European Business School.

A quarta e última mesa de debate incluiu Fabio Carbone, investigador sedeado no Reino Unido, e Alfonso Vargas-Sánchez, académico espanhol, Patrícia Araújo, da Biosphere Portugal, e Nuno Leal, da Accessible Portugal. Nesta mesa, discutiram-se as “Tendências Futuras” do setor. Aspetos como a governança do turismo, paz e cultura, sustentabilidade e acessibilidade foram discutidos concluindo-se que a academia e as empresas têm falado muito, mas ainda há muito a ser feito. «Precisamos de nos focar nas pessoas, ouvir e envolver as comunidades e organizações não-governamentais. Este não é um discurso de “nós” e “eles”; deve ser um discurso centrado apenas no “nós”, através da cocriação e colaboração. Este é o único caminho para uma governança efetiva do turismo», remata Cláudia Seabra, professora da FLUC e investigadora do Centro do Estudos de Geografia e Ordenamento do Território.

Neste congresso, participaram 181 investigadores de 26 países que apresentaram os seus trabalhos em 36 sessões paralelas. Fizeram ainda parte do programa dois showcases, moderados por Ana Paula Pais do Turismo de Portugal e Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal, com a presença de várias organizações tais como Rota do Românico, Dark Sky® Alqueva, ALSGlobal, Quinta Chão do Rio, ABC Hospitality, Vila Galé, Green Stays, Aldeias Históricas e Portugal NTN que vieram partilhar as suas boas práticas nas áreas da sustentabilidade e diversidade..

O DSOTT`23 contou com o Alto Patrocínio da Secretaria de Estado do Turismo, Comércio e Serviços; do Turismo de Portugal; da Turismo Centro de Portugal; da Câmara Municipal de Coimbra; da Águas de Coimbra; do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território; e do Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo.