A Tomada da Bastilha – assinalar a irreverência, 100 anos depois

25 novembro, 2020≈ 4 mins de leitura

© UC | Marta Costa

Não houve o tradicional cortejo, com archotes, mas houve o toque a rebate dos sinos um pouco por toda a cidade, à meia-noite. Os estudantes, mesmo num ano de pandemia, quiseram assinalar, em conjunto com a Reitoria da Universidade de Coimbra (UC) e a Câmara Municipal de Coimbra, o centenário de “um momento histórico”, a Tomada da Bastilha. E foi com a Associação Académica de Coimbra, a UC e a CMC que se assinalaram os 100 anos desse outro 25 de novembro. Uma data que, para o presidente da Direção-geral da AAC, Daniel Azenha, foi um marco que “condicionou o desenvolvimento da própria Associação Académica de Coimbra (AAC)”.  “Se hoje temos capacidade de crescimento, deve-se aos nossos antigos estudantes”, acrescentou o dirigente estudantil.

De acordo com Daniel Azenha, ao recordar a Tomada da Bastilha, os estudantes estão “a recordar o que queremos para o futuro. Estas são as lutas. E a AAC continuará a ser uma casa de liberdade e de democracia. É isso que está a ser comemorado”.

“Falar de Tomada da Bastilha em cinco minutos é quase como pensar em «meter o Rossio na Betesga»”, brincou Polybio Serra e Silva. Antigo estudante e “indivíduo a chegar aos 93 anos e que esteve em praticamente todas as entidades da academia”, que aceitou representar, na sessão, não uma associação mas todos os antigos estudantes da UC. “Em ano de centenário, o democrático vírus” quase deitou por terra as ideias para assinalar a data. No entanto, “as comemorações não foram tapadas pela máscara”, garantiu o antigo estudante.

O testemunho de Polybio Serra e Silva foi coroado por um sentimento de “alegria, saudade e agradecimento aos 40 conjurados que levaram a resolução” de levar avante a Tomada da Bastilha. E foi pela sua voz que ecoou o tradicional F-R-A.

O presidente da CMC, Manuel Machado, reforçou a importância de ter “as entidades da cidade a celebrar acontecimentos marcantes da nossa vida coletiva”. Caracterizando o centenário da Tomada da Bastilha como um “marco notável”, o autarca sublinhou que “a AAC, ao decidir assinalar e não deixar esquecer estes acontecimentos, está a enaltecer e a não perder a História”.

“Enquanto antigo estudante, é um orgulho enorme estar a celebrar a Tomada da Bastilha”, afirmou o Reitor da UC, Amílcar Falcão. De acordo com o responsável, a data “deve ser lembrada positivamente”. O Reitor acredita que momentos como a Tomada da Bastilha fazem parte da “mensagem diferenciadora e irreverente da academia Coimbrã”, em relação a todas as outras. “Foi preciso a coragem e irreverência dos estudantes à época, que acabaram por se traduzir num momento único”, acrescentou.

A sessão de comemoração da efeméride contou com a apresentação de um selo e carimbo comemorativos, com o apoio da Seção Filatélica da AAC e dos CTT. Foi ainda descerrada uma placa evocativa no edifício sede e um mural.

 

Veja aqui algumas fotografias da sessão:

Centenário da Tomada da Bastilha

 

Marta Costa e Karine Paniza
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