Museu Nacional Machado de Castro integra área classificada como Património Mundial da UNESCO

07 julho, 2019≈ 6 mins de leitura

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O Museu Nacional Machado de Castro (MNMC)  acaba de ser integrado na área classificada pela UNESCO como Património Mundial do Bem Universidade de Coimbra, Alta e Sofia. A decisão foi hoje anunciada em Baku, no Azerbaijão, durante a 43.ª Sessão do Comité do Património Mundial que decorre até ao dia 10 de julho.

Para o Presidente da Direção da Associação RUAS – Recriar a Univer(s)cidade e Vice-Reitor da Universidade de Coimbra para o Património, Edificado e Infraestruturas, Alfredo Dias, trata-se de “um momento da maior importância para o património classificado mas também para a Universidade e o Museu Machado de Castro”. “É um momento de grande relevância, grande significado e grande contentamento” realça o responsável enquanto deixa um agradecimento a todas as entidades envolvidas no processo, nomeadamente, a Universidade de Coimbra, o Museu Nacional Machado de Castro, a Direção Geral do Património Cultural, a Câmara Municipal de Coimbra, a Comissão Nacional da UNESCO e a Comissão UNESCO permanente em Paris. Alfredo Dias felicita ainda os dois novos sítios da Lista do Património Mundial de Portugal aprovados esta manhã: o Real Edifício de Mafra e o Bom Jesus do Monte.

Para a Vice-Presidente da Associação RUAS e Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra, Carina Gomes, “é um grande acontecimento para a cidade de Coimbra, de que todos devemos orgulhar-nos já que, na verdade, torna ainda mais justa e merecida esta distinção mundial, responsabilizando-nos cada vez mais pela preservação da nossa herança histórica e cultural”. Acrescenta que “a feliz coincidência de a notícia nos chegar durante as Festas da Cidade de Coimbra contribuirá, certamente, para reforçar o ambiente de comemoração que também queremos imprimir a esta classificação”.

Também o Subdiretor Geral do Património Cultural, David Santos, constata a importância do reconhecimento: “A expansão da área classificada pela UNESCO, como Património Mundial, Universidade de Coimbra – Alta e Sofia, para inclusão do MNMC é, antes de mais, uma atitude de permanente requalificação do Bem, no sentido de equilibrar e reforçar a sua identidade”. “Este reconhecimento contribuirá, certamente, para um fortalecimento da sua integridade e para uma responsabilidade partilhada, no sentido da proteção, conservação e salvaguarda de um Património de excecional relevância”, refere ainda o responsável.

“Enquanto espaço fundacional da cidade, contentor de uma riquíssima materialidade que preserva uma memória histórico-artística comum, o MNMC sente este processo de inclusão na área classificada – Universidade de Coimbra- Alta e Sofia – como um imperativo da cidadania mundial”, sublinha a Diretora do MNMC, Ana Alcoforado. “Este é um momento de celebrar e de reafirmar a determinação de estar cada vez mais próximo da comunidade que, ao longo de séculos, construiu a nossa identidade, e de abraçar e arquitetar novos desafios “, destaca Ana Alcoforado.

A aprovação pelo Comité do Património Mundial da inclusão do Museu Nacional de Machado de Castro na área classificada como Património Mundial permite o reforço do Valor Excecional do Bem e vem consolidar a realização e redefinição de programas de âmbito cultural e de fruição patrimonial para a Alta.

A Universidade de Coimbra – Alta e Sofia foi inscrita na Lista do Património Mundial em 2013.

 

Sobre o Museu Nacional Machado de Castro

O Museu Nacional de Machado de Castro, monumento nacional desde 1910, situa-se no antigo Paço Episcopal de Coimbra, que por sua vez se vem instalar no local do forum da cidade em época romana, do qual resta o impressionante criptopórtico. Neste museu nacional encontram-se depositadas mais de uma centena de obras consideradas Tesouro Nacional, sendo que parte significativa e qualificada da coleção provém de antigos colégios universitários, igrejas ou mosteiros que se encontram já na área classificada (Sé Velha, Sé Nova, Mosteiro de Santa Cruz, por outros).

Durante o processo de elaboração da candidatura da Universidade de Coimbra a Património Mundial, o edifício do Museu esteve encerrado devido a uma intervenção de requalificação, que decorreu entre e 2004 e 2012. Esta intervenção, da responsabilidade do arquiteto Gonçalo Byrne, veio a receber o Prémio Piranesi/Prix de Rome, em 2014.

Desde a reabertura do Museu Nacional de Machado de Castro que um conjunto mais vasto de coleções, particularmente as relativas à História e presença da Universidade de Coimbra, se encontram na Exposição permanente. Desde 2012 tem sido reforçada a colaboração interinstitucional baseada na complementaridade, articulação e partilha de recursos e bens disponíveis, participação em redes temáticas internacionais e definição conjunta de programas culturais, formativos e educativos. Esta colaboração alicerça-se na natureza das coleções que o Museu detém à sua guarda, parte delas proveniente da Universidade de Coimbra; nos espólios das duas Instituições que são por elas partilhadas; no valor aportado pela valorização conjunta de toda esta herança e património. De referir, por exemplo, que é o museu o local onde se conservam inúmeros objetos e testemunhos arquitetónicos de muitos espaços universitários que desapareceram com a construção da Cidade Universitária no século XX; que foi o Paço Episcopal, hoje Museu Nacional Machado de Castro, o local de residência de muitos Bispos que acumularam o cargo de Reitor da Universidade; que a génese da cidade romana encontra o seu mais qualificado testemunho no Museu, com a possibilidade de visita e fruição do criptopórtico de época romana. São inúmeros e muito qualificados os testemunhos que concretizam esta relação de vizinhança e colaboração de muitos séculos, o que permitirá um elevado acréscimo nas atividades e projetos em curso, bem como nas estratégias de comunicação de cultura e fruição destes espaços patrimoniais de elevado valor.

 

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