Estudantes mostram “instabilidade psicológica e emocional” durante a pandemia, conclui estudo da AAC

12 fevereiro, 2021≈ 5 mins de leitura

© UC | Marta Costa

“98 por cento dos estudantes afirmaram sentir-se fragilizados”, revelou o estudo “Impacto do Confinamento na Academia de Coimbra”. Esta foi uma das conclusões apresentadas pelo presidente da Direção-geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) no âmbito do estudo que ouviu cerca de 1500 estudantes da Universidade de Coimbra (UC) entre 17 e 31 de janeiro. O objetivo, de acordo com João Assunção, foi “avaliar o quadro global do impacto da pandemia na Academia”. O estudo foi dividido “em duas partes: o impacto [da pandemia] nos estudantes e os seus efeitos na AAC e nas suas estruturas culturais, desportivas, núcleos e institucionais”.

“Um em cada cinco [estudantes] pensaram, pelo menos uma vez durante o período da pandemia, em suicidar-se”, adiantou João Assunção. “Escusado será dizer a importância destes dados e não podemos encará-lo como menos do que são: alarmantes”. “A quebra abrupta de relações interpessoais e a dificuldade de [os estudantes] se adaptarem a um ensino completamente digital” foram algumas das razões apontadas pelo dirigente estudantil que levaram à “instabilidade psicológica e emocional”.

O presidente da DG/AAC destacou ainda alguns resultados analisados sobre o impacto financeiro nos agregados familiares dos estudantes, referindo que “a pandemia irá ter implicações bastante gravosas na manutenção dos estudantes no Ensino Superior (ES)” já no próximo ano letivo. João Assunção mostrou-se preocupado com os valores do estudo: “cerca de um terço vê-se com dificuldades em suportar despesas de alojamento estudantil”, e quanto a propinas, “um em cada cinco vê dificuldades” também aí, exemplificou. “7 em cada 10 estudantes afirmam ter pensado, ao longo da pandemia, em abandonar o ES”, concluiu o dirigente. A situação é “mais grave ainda quando falamos de estudantes internacionais”, garantiu João Assunção. O estudo da AAC revelou que “cerca de 65 por cento afirmaram ter dificuldades em pagar propinas”.

Ana Rita Jesus, Pedro Marques Dias, João Assunção e Renato Daniel.

Ana Rita Jesus, Pedro Marques Dias, João Assunção e Renato Daniel. Foto UC | Marta Costa

 

Quanto à AAC, o dirigente estudantil revelou que “o prejuízo financeiro da instituição é de mais de meio milhão de euros”. De acordo com João Assunção, o problema não é apenas financeiro. Existe, de forma transversal, “uma incapacidade de captação de novos associados e de manter a formação”.

O presidente da DG/AAC salientou a situação desportiva, “principalmente nas camadas mais jovens” que afeta, “não apenas na saúde financeira da estrutura”, mas também “a formação desportiva da região e da cidade”. A ligação com a sociedade, para João Assunção, tem sido seriamente afetada pela pandemia. “Há a incapacidade de execução do plano de atividades, o que leva a incapacidade de atuar na academia e na sociedade”. “Um cenário muito grave na nossa instituição, que tarda em ver apoios e vai ser difícil de lidar nos próximos tempos”. Foram ouvidas 72 estruturas da AAC, entre secções culturais, desportivas e núcleos de estudantes.

O estudo foi apresentado a 12 de fevereiro e encontra-se disponível para consulta de forma online. Surgiu porque ainda “não havia informação”, garantiu o presidente da instituição. “Agora há e podemos saber para onde virar as agulhas e o que se deve exigir com urgência”.

 

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Marta Costa

 

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