Nanopartículas com controlo remoto por laser aumentam o sucesso de células transplantadas

18 outubro, 2018≈ 3 mins de leitura

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Uma equipa de investigação do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) descobriu uma formulação de nanopartículas que permitem libertar, através de controlo remoto por luz, duas moléculas no tratamento de doenças isquémicas como o AVC. A descoberta, publicada na revista “ACS Nano” e resultante de um trabalho de cinco anos, contribui para o aumento da sobrevivência e proliferação das células endoteliais progenitoras transplantadas (que desempenham um importante papel na recuperação de doenças isquémicas como os Acidentes Vasculares Cerebrais).

“Este é o primeiro trabalho que descreve uma nanopartícula para entrega controlada de duas moléculas através de um laser com comprimento de onda próximo do infravermelho, o que permite uma maior penetração nos tecidos sem efeitos tóxicos e possibilita o controlo remoto das nanopartículas”, descreve Miguel Lino, primeiro autor do artigo publicado na “ACS Nano”.

A possibilidade de fazer a ativação das nanopartículas (que medem milionésimos de milímetros) por controlo remoto faz toda a diferença. O controlo fotoativável na libertação de mais do que uma molécula permite potenciar e modelar a atividade celular com maior precisão – aumentando a eficácia do tratamento. A nanoformulação apresentada pela equipa do CNC funciona como um “interruptor” de circuitos biológicos envolvidos na proliferação e sobrevivência das células endoteliais progenitoras (cuja transplantação contribui para a cicatrização e vascularização dos tecidos afetados pelas doenças isquémicas).

No estudo agora publicado, o princípio de funcionamento da nanoformulação foi demonstrado na cicatrização de feridas da pele em ratinhos. Contudo, as possíveis aplicações clínicas desta formulação de nanoparticulas podem ser estendidas a outros órgãos e ao tratamento de doenças com terapias de combinação com múltiplas moléculas.

O estudo do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, financiado pelo European Reseach Council (Conselho Europeu de Investigação) e pelo programa “ERA Chair” em envelhecimento, foi coordenado por Lino Ferreira, líder do grupo de investigação em Biomateriais e Terapias Baseadas em Células Estaminais do CNC e investigador coordenador da Faculdade de Medicina da UC, e contou ainda com participação das investigadoras Susana Simões, Andreia Vilaça, Helena Antunes e Alessandra Zonari.

 

Miguel Lino é o primeiro autor do artigo publicado na “ACS Nano”.

 

Rui Simões
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