FEUC promove conferência sobre a economia portuguesa e a crise de 1973

Na quarta-feira, dia 27, historiadores, economistas e sociólogos vão debater os principais aspetos do impacto da crise petrolífera internacional na economia portuguesa, o final do marcelismo e os impasses da modernização do país nas vésperas da Revolução de Abril

25 setembro, 2023≈ 3 mins de leitura

© João Duarte | FEUC

No dia 27 de setembro realiza-se na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) a conferência “A Economia Portuguesa e a Crise de 1973”. A iniciativa partiu do núcleo de docentes de História Económica e Social da FEUC e da Associação Portuguesa de Economia Política e integra-se nas comemorações dos 50 anos da FEUC. O acesso é livre.

Entre as 9h30 e as 18h00, na Sala Keynes, um grupo de prestigiados historiadores, economistas e sociólogos debate os principais aspetos do impacto da crise petrolífera internacional na economia portuguesa, a crise final do marcelismo e os impasses da modernização do país nas vésperas da Revolução de Abril.

Álvaro Garrido, Professor Catedrático da FEUC e Diretor desta Faculdade, está responsável pela abertura da conferência. Seguem-se as intervenções de João Rodrigues, Professor Auxiliar da FEUC e investigador do Centro de Estudos Sociais da UC; Luciano Amaral, Professor Associado da Nova School of Business and Economics; e Ricardo Noronha, investigador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa. Durante a parte da tarde intervêm Maria Fernanda Rollo, Professora Catedrática da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Diretora do Instituto de História Contemporânea (HIC); Maria Inácia Rezola, Professora Adjunta na Escola Superior de Comunicação Social e investigadora do HIC; António Rafael Amaro, Professor Auxiliar da FEUC e investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da UC; e Ana Drago, Investigadora do Observatório sobre Crises e Alternativas do Centro de Estudos Sociais da UC

O programa completo do evento está disponível em https://www.uc.pt/feuc/eventos/a-economia-portuguesa-e-a-crise-de-1973/.

Tema relativamente esquecido na historiografia portuguesa, a crise de 1973 foi um acontecimento multidimensional. A análise do seu contexto permite invocar o tempo de criação da FEUC e compreender as suas circunstâncias.

A FEUC foi fundada a 2 de dezembro de 1972, numa época de choques externos e de crises na economia internacional. As múltiplas crises que marcaram o começo dos anos setenta significaram o fim do que se viria a designar por "trinta gloriosos" — as três décadas de crescimento económico que se seguiram à Segunda Guerra Mundial. No primeiro choque petrolífero, no inverno de 1973-74, o preço do barril passou de três para doze dólares. Uma vez que Portugal importava mais de dois terços da “energia primária” sob a forma de petróleo, a crise deteriorou rapidamente os termos de troca da economia portuguesa, fez cair a procura de bens e serviços de exportação e abriu um período de fortes desequilíbrios na balança de pagamentos.

De 1973 até ao começo dos anos oitenta, a economia internacional entrou num período de grande turbulência. Com o colapso do sistema monetário de Bretton Woods fizeram-se ouvir as vozes monetaristas e neoliberais e houve mudanças significativas na economia política e nas instituições.

Entretanto, mais do que a instabilidade económica e as perturbações sociais que gerou, a Revolução de Abril de 1974 reverteu a natureza do país e veio libertá-lo de inúmeras amarras. Criada através do Decreto-Lei nº 521/72, de 15 de dezembro, cuja promulgação ocorrera a 2 de dezembro do mesmo ano, a FEUC nasceu precisamente neste contexto. Surgiu num ambiente político e social de grandes contradições, mas de inequívoca renovação e diversificação do Ensino Superior. No entanto, a mudança substantiva da Universidade e a sua plena assunção enquanto lugar de transformação da sociedade teriam de esperar por abril.

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