Investigador da Universidade de Coimbra ajuda a descobrir exoplaneta com a forma de uma bola de rugby

Esta é a primeira vez que a deformação de um exoplaneta foi detetada, oferecendo novos dados sobre a estrutura interna desses planetas envoltos em estrelas.

11 janeiro, 2022≈ 4 mins de leitura

Imagem artística do exoplaneta com forma de bola de rugby WASP-103b, a orbitar a sua estrela-mãe. A estrela WASP-103 é 1,7 vezes maior e cerca de 200 graus mais quente do que o Sol.

© ESA

Uma equipa internacional, que inclui Alexandre Correia, do Centro de Física da Universidade de Coimbra (UC), detetou pela primeira vez a deformação de um exoplaneta. O designado WASP-103b orbita uma estrela 1,7 vezes maior e cerca de 200 graus mais quente do que o Sol. Este exoplaneta tem a particularidade de ter aproximadamente a forma de uma bola de rugby.

O estudo, com base em novas observações efetuadas pela missão espacial CHEOPS, da Agência Espacial Europeia (ESA), acaba de ser publicado na revista Astonomy & Astrophysics.

Esta é a primeira vez que a deformação de um exoplaneta foi detetada, oferecendo novos dados sobre a estrutura interna desses planetas envoltos em estrelas. A descoberta tem por base uma hipótese colocada, há seis anos, por Alexandre Correia e por Jacques Laskar, diretor do Instituto de Mecânica Celeste e Cálculo de Efemérides do Observatório de Paris. A partir dos resultados do estudo teórico de Alexandre Correia, foi proposto que o CHEOPS seria capaz de detetar a deformação de um planeta.

«Sabíamos que seria extremamente desafiador e, depois de investigar todos os candidatos possíveis, selecionámos o WASP-103b como o melhor alvo para a missão. Apesar de termos previsto isso, foi uma surpresa verificar que o CHEOPS foi realmente capaz de revelar essa pequena deformação. Esta é a primeira vez que tal análise é feita e podemos esperar que a observação num intervalo de tempo mais longo fortaleça esta descoberta e leve a um melhor conhecimento da estrutura interna do planeta», declaram Jacques Laskar e Alexandre Correia, coautores do estudo.

Graças à combinação de observações de trânsitos do exoplaneta, efetuadas pelo CHEOPS, com dados já conhecidos do Telescópio Espacial Hubble (NASA/ESA) e do Telescópio Espacial Spitzer (NASA), a equipa conseguiu confirmar que o planeta é, de facto, mais largo no equador do que nos polos, tendo uma forma aproximadamente semelhante a uma bola de rugby. Mas a grande precisão das observações do CHEOPS podem ser usadas para revelar ainda novas informações acerca da estrutura interna deste planeta deformado.

O consórcio do CHEOPS é liderado pela Suíça e pela ESA e tem a participação de 11 países europeus. O artigo Científico, intitulado ‘Cheops reveals the tidal deformation of WASP-103b’ by S.C.C. Barros et al. (2021), está disponível em: https://www.aanda.org/10.1051/0004-6361/202142196.

Para mais informação, consultar: https://www.esa.int/Cheops e https://www.esa.int/Science_Exploration/Space_Science/Cheops/Cheops_reveals_a_rugby_ball-shaped_exoplanet

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