Prémio Bluepharma | UC 2019 distingue tecnologia inovadora de tecidos em 3D para validação de fármacos

07 julho, 2020≈ 5 mins de leitura

© UC | Marta Costa

João Mano e Catarina Custódio, da Universidade de Aveiro (UA), lideram um projeto que está a “desenvolver matrizes e materiais que mimetizam o ambiente humano, tumoral” com o objetivo de testar fármacos nesses tecidos construídos em laboratório. Foram o projeto vencedor, por unanimidade, do Prémio Inovação Bluepharma | Universidade de Coimbra 2019, hoje, 7 de julho, entregue na Sala do Senado da UC.

“Quando queremos desenvolver um fármaco, é necessário pô-lo em contacto com humanos”, explica João Mano. O investigador da Universidade de Aveiro continua: ” Há várias fases a ter em conta, como ensaios de citotoxicidade simples, em que pomos células humanas e vemos se morrem ou não. Depois vamos ter de triar cada vez mais a bateria de materiais que queremos testar e muitas vezes temos de ir a animais antes de testar em humanos. Isso normalmente acarreta custos elevados, do ponto de vista ético também obviamente, e têm pouca representatividade, porque muitas vezes um fármaco pode servir para um animal, um ratinho ou coelho, mas depois num humano não funciona”. É aqui que entra a tecnologia que estão a desenvolver. De acordo com João Mano, pretende-se arranjar um atalho: “queremos ir logo fazer um caminho mais curto entre o desenvolvimento de um fármaco e a sua validação pré clínica”.

“Se um grupo de fármacos funcionar melhor [no tecido criado em laboratório], isso é indicativo que irá funcionar melhor também em humanos. O que vamos fazer é uma plataforma em que vamos testar muitos fármacos em ambientes que sejam o mais parecidos com o ambiente fisiológico humano”, acrescenta o investigador da UA.

 

Veja algumas fotografias do evento aqui:

Entrega Prémio Inovação Bluepharma | Universidade de Coimbra 2019

Com o valor monetário de 20 mil euros, o prémio bienal Inovação Bluepharma | Universidade de Coimbra tem como objetivo “distinguir projetos científicos de excelência ao nível internacional na área das Ciências da Saúde, que apresentem elevado potencial de transformação em produtos ou serviços, com real interesse para a sociedade”.

“Estamos a assinalar um momento alto que é a inovação e a investigação da Bluepharma”, referiu o presidente da empresa, Paulo Barradas Rebelo. Criada por antigos alunos da Universidade de Coimbra (UC) e que veio, “mais uma vez, prestar contas à nossa universidade”, apesar da situação atual de pandemia global da COVID-19 ter deixado “um clima de fragilidade”, Paulo Barradas Rebelo não quis deixar de marcar a cerimónia com uma palavra de “confiança”. “Investimento para o futuro, colaboração e chamamentos” entre a Bluepharma e a UC nas áreas da investigação e desenvolvimento tecnológico foram destaque.

“No contexto do momento difícil que atravessamos é um momento em que se percebe a importância de termos a capacidade industrial autónoma”, sublinhou o presidente do júri, Fernando Seabra Santos. O antigo reitor destacou ainda que, com “um elevado nível de propostas candidatas, ser vencedora num concurso de tão elevado nível é motivo de orgulho e satisfação”.

“Para a equipa, é um caminho a percorrer e estou certo de que têm a competência e a qualidade de ir cada vez mais longe”, acrescentou o Reitor da Universidade de Coimbra. “Tanto a UC como a Bluepharma, iremos seguir com atenção porque o que é feito de bom em Aveiro é feito de bom no País e no Ensino Superior Português”, concluiu Amílcar Falcão.

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Sobre o Prémio Bluepharma | Universidade Coimbra
Criado em 2003 com o objetivo geral de contribuir para a divulgação e reconhecimento da investigação científica na área das ciências da saúde em Portugal, o Prémio Bluepharma / Universidade Coimbra premiou nas suas primeiras oito edições investigadores com teses de doutoramento publicadas em Portugal. Consistindo de um prémio monetário e na publicação de um livro contendo o trabalho dos investigadores, o prémio visava especificamente analisar a produção científica desenvolvida nas universidades portuguesas, dotando os seus premiados de condições para a sua divulgação para além da própria comunidade universitária.

 

Marta Costa

 

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