Biblioteca Geral da UC apresenta um novo tesouro à comunidade
O ciclo “Tesouros da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra”, revelou um Armorial Poético com 452 desenhos de brasões de armas e 71 poemas heráldicos.
Numa época em que a escrita não era usual, surge a heráldica como um código de identificação visual. E foi justamente uma obra de natureza hieráldica a escolhida para mais uma sessão dos “Tesouros da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra”.
Composta por 452 desenhos de brasões de armas, acompanhados de 71 poemas heráldicos, o Armorial Poético faz parte do Fundo do Visconde da Trindade e está disponível na Alma Mater, que é a Biblioteca Digital de Fundo Antigo da Universidade de Coimbra (UC).
"Este códice [manuscrito antigo] integra-se numa espécie de mundivivência que era quase obrigatória para as elites da época”, explica o docente da Universidade Nova de Lisboa, Miguel Metelo de Seixas, convidado para falar sobre a importância científica do documento. “Todas as pessoas de qualidade e todas as instituições importantes se reviam num sinal gráfico de natureza heráldica e era preciso compreender esse código para perceber o que valia cada um desses sinais em relação ao conjunto”, afirma o docente.
Miguel Metelo de Seixas destaca ainda que as obras heráldicas são um “código visual que comunica de uma forma muito eficaz”. Atualmente, para as pessoas “que vivem numa sociedade fortemente visual, este género de livros tem um apelo extraordinário porque nos mostra como essa dimensão estética visual era tão importante no século XVI tal como é hoje”.
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Eis o que pode fazer:
Responsável pela apresentação do documento na sua materialidade, o diretor adjunto da Biblioteca Geral da UC, A. E. Maia do Amaral, descreve o armorial como um manuscrito "que começa com as armas nacionais de vários reinos, do Império, de Castela, Portugal, Aragão, Navarra", mas também retrata armas religiosas.
Uma curiosidade do Armorial Poético é que apresenta também armas míticas, ou seja, que “nunca foram usadas, como as do Presto João, as armas do Rei Artur, Carlos Magno", ressalta o diretor adjunto.
“Uma parte particularmente interessante no Armorial Poético é a frescura, a fulgurância das imagens”, aponta A. E. Maia do Amaral. “Nós estamos habituados à heráldica desenhada nos séculos XVII e XVIII, muito contida por regras, mas este manuscrito é diferente”. O diretor faz ainda a seguinte comparação: "É como se fosse um impressionismo da arte heráldica".
"Tesouros da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra" é uma iniciativa organizada desde 2020 pela Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC) em conjunto com a Liga de Amigos da BGUC.