Estudo internacional com colaboração da UC revela que a esperança média de vida diminuiu durante a pandemia

A investigação, publicada na prestigiada revista científica The Lancet, revela novos dados sobre os impactos da mortalidade durante a pandemia de COVID-19, indicando que, entre 2019 e 2021, a esperança média de vida diminuiu cerca 1,6 anos.

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Catarina Ribeiro
18 março, 2024≈ 3 mins de leitura

A equipa de investigação internacional analisou dados de 204 países.

© Karolina Grabowska, Pexels

Uma investigação publicada na prestigiada revista científica The Lancet revela novos dados sobre os impactos da mortalidade durante a pandemia de COVID-19, indicando que, entre 2019 e 2021, a esperança média de vida – o tempo que se estima que a pessoa viva desde o seu nascimento – diminuiu cerca 1,6 anos.

A equipa de investigação internacional analisou dados de 204 países, um trabalho de elevada importância para analisar e compreender as tendências de saúde da população a nível mundial. Em Portugal, a esperança média de vida diminuiu 0,5 anos nos primeiros anos da pandemia.

O estudo foi liderado pelo investigador do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington, Austin Schumacher, tendo contado com a participação de Mónica Rodrigues, investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da Universidade de Coimbra (UC), e de João Diogo Basso, estudante de doutoramento da Faculdade de Farmácia da UC.

“Este trabalho fornece a visão mais abrangente sobre o impacto da pandemia na saúde humana até à data”, destaca Mónica Rodrigues. “No caso dos adultos, a pandemia teve um impacto mais profundo do que qualquer acontecimento observado em meio século, incluindo conflitos e catástrofes naturais, tendo a esperança de vida diminuído em 84% dos 204 países”, acrescenta.

A investigadora do CEGOT destaca ainda que “no caso dos idosos, durante a pandemia, a mortalidade aumentou de uma forma nunca vista nos últimos 70 anos; já nas crianças, a mortalidade infantil continuou a diminuir durante a pandemia”.

Mónica Rodrigues sublinha que “embora a pandemia tenha sido devastadora, matando aproximadamente 16 milhões de pessoas em todo o mundo em 2020 e 2021, não apagou completamente o progresso histórico – a esperança de vida aumentou quase 23 anos entre 1950 e 2021”.

O artigo científico Global age-sex-specific mortality, life expectancy, and population estimates in 204 countries and territories and 811 subnational locations, 1950–2021, and the impact of the COVID-19 pandemic: a comprehensive demographic analysis for the Global Burden of Disease Study 2021 está disponível aqui.