Investigadores da UC participam em estudos pioneiros que apresentam novos dados sobre doenças neurológicas e infeciosas

O objetivo central destas investigações, publicadas pela prestigiada revista The Lancet, passou por fornecer novos dados sobre os impactos destas doenças, bem como sobre estratégias para a diminuição da incidência e mortes.

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Catarina Ribeiro
20 março, 2024≈ 5 mins de leitura

Um dos estudos identificou as doenças neurológicas como uma das patologias mais prevalentes a nível mundial em 2021.

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Investigadores da Universidade de Coimbra (UC) participaram em dois estudos internacionais, publicados pela prestigiada revista The Lancet, sobre as tendências mundiais de saúde, nomeadamente a incidência de doenças neurológicas e infeciosas em todo o mundo. O objetivo central destas investigações passou por fornecer novos dados sobre os impactos destas doenças, bem como sobre estratégias para a diminuição da incidência e mortes.

No estudo Global, regional, and national burden of disorders affecting the nervous system, 1990–2021: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2021 – publicado na prestigiada revista científica The Lancet Neurology e disponível aqui – participaram Mónica Rodrigues, investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da UC, e João Diogo Basso, estudante de doutoramento da Faculdade de Farmácia da UC.

A investigação identificou as doenças neurológicas como uma das patologias mais prevalentes a nível mundial em 2021, estimando-se que 3,4 mil milhões de pessoas em todo o mundo tenham sido afetadas por uma doença neurológica.

“Este é o estudo mais abrangente até à data sobre este tema, no qual se concluiu que o impacto das doenças neurológicas é muito maior do que se pensava, uma vez que afetaram em 2021 cerca de 43% da população mundial, nomeadamente patologias como o Acidente Vascular Cerebral, a enxaqueca, a doença de Alzheimer, a meningite, a epilepsia ou o cancro”, destaca a investigadora da UC.

A influência destas patologias nas pessoas cresceu substancial devido a fatores como “o aumento da população envelhecida e também aos estilos de vida e riscos ambientais”, avança Mónica Rodrigues.

Já o outro artigo científico – intitulado Global, regional, and national age-specific progress towards the 2020 milestones of the WHO End TB Strategy: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2021, publicado na prestigiada revista científica The Lancet Infections Diseases e disponível aqui – contou com a participação da investigadora Mónica Rodrigues.

A investigação analisou a incidência e mortes devido à tuberculose a nível mundial também através de dados disponibilizados no Global Burden of Disease Study, analisando também as métricas do WHO End TB Strategy 2020, programa da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o combate à doença.

“Os resultados do estudo mostram, que a nível global, não foram alcançadas as metas previstas na estratégia da OMS. Apesar dos esforços, a redução da incidência e de mortes não foi alcançada, uma vez que se registou, até 2021, a diminuição de 6% na incidência (quando a meta era 20%); e 12% na diminuição das mortes, quando o objetivo era chegar aos 35%”, explica a investigadora da UC. “Apesar de a tendência global não ter correspondido às metas fixadas, em 15 países foi alcançada a meta da incidência, e em 17 a meta da diminuição da percentagem de mortes”, acrescenta.

No caso dos países em que o combate à tuberculose se revelou mais eficaz, destaca-se a adoção de medidas como “a procura ativa de novos casos, a melhoria do diagnóstico através da parceria com laboratórios privados ou a implementação de programas de incentivo dirigidos a pacientes para melhorar o tratamento”, avança Mónica Rodrigues.