"Mostra São Palco 2022" traz o teatro brasileiro a Portugal no ano do bicentenário da independência do Brasil

A iniciativa, que começa a 7 de setembro e se prolonga até 20 de dezembro, inclui espetáculos, conversas, conferências, oficinas, concertos e leituras.

02 setembro, 2022≈ 3 mins de leitura

No próximo dia 7 de setembro arranca a Mostra São Palco 2022 - Teatro Brasileiro em Portugal, um ciclo teatral concebido pelo Teatrão, com curadoria de Jorge Louraço Figueira, que vai decorrer em várias cidades portuguesas a pretexto da comemoração de um momento emblemático da descolonização (cultural) do Brasil: a declaração da independência de 1822.

Assim, no último trimestre de 2022 será realizada uma série de eventos, entre espetáculos, conversas, conferências, oficinas, em várias cidades. A Universidade de Coimbra (UC) associa-se ao evento através do Teatro Académico Gil Vicente (TAGV), palco que recebe o primeiro evento do ciclo, a 7 de setembro, pelas 21h30, nomeadamente, a peça “A Invenção do Nordeste”, pelo Grupo Carmin (ver a programação completa da UC/TAGV no final da notícia).

A Mostra quer ir além da apresentação de espetáculos teatrais e, por isso, pretende promover também encontros entre criadores de ambos os países, gerando momentos de partilha em oficinas artísticas.

Recorde-se que a programação de comemoração do bicentenário da independência do Brasil, que a Universidade de Coimbra organiza a partir de 7 de setembro, inclui música, teatro, literatura e exposições. A série de eventos, com arranque na data que marca oficialmente a efeméride, acentua a ligação centenária entre a UC e a pátria brasileira.

Mostra São Palco 2022 - Mostra de Teatro Brasileiro em Portugal: programação da Universidade de Coimbra/TAGV


A INVENÇÃO DO NORDESTE (Grupo Carmin)
Coimbra – 7 set, 21h30, Teatro Académico de Gil Vicente

LUGAR NENHUM (Companhia do Latão)
Coimbra – 23 set, 20h, Teatro Académico de Gil Vicente

TODO BRASIL EXISTE
Programação complementar da Mostra São Palco - Festival de Teatro Brasileiro em Portugal
Org.: O Teatrão, TAGV, Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-FLUC), Teatro Oficina (Guimarães) e Teatro Nacional São João (TNSJ)

Debates:

7 SET
— Mesa-redonda: Onde está o Nordeste? (IEB-FLUC)
Durval Muniz [A confirmar]
Quitéria Kelly
Osvaldo Silvestre

29 SET
— Conferência: Teatro e Sociedade no Brasil Colónia (IEB-FLUC)
Sérgio de Carvalho

13 OUT
— Conferência: O Teatro Experimental do Negro (IEB-FLUC)
Salloma Salomão

Oficinas:
— Laboratório de Escrita para Teatro Dialético (Teatro Oficina/Guimarães + TAGV/Coimbra)
Sérgio de Carvalho
Parte I - Teatro Oficina 26 e 27 SET
Parte II - TAGV 30 SET e 1 OUT

Conversas Pós-Espetáculo:
— Desmontagem A Invenção do Nordeste (TAGV)
— Desmontagem Lugar Nenhum (TAGV)

Fundamentação da Mostra (Teatrão)


Em 2022 passam duzentos anos da independência do Brasil (declarada a 7 de setembro), datas redondas que servem de pretexto para refletir sobre a arte e cultura brasileiras, e que pretendemos assinalar com a terceira edição da Mostra São Palco, dando a conhecer a criação brasileira, através da apresentação de espetáculos de teatro vindos do Brasil em várias cidades.

O crescimento da comunidade brasileira em Portugal, e em Coimbra em particular, além da intensidade do intercâmbio cultural, artístico e académico, impõem uma reflexão sobre o que foi feito e o que se poderá vir a fazer em conjunto, que esta efeméride enquadra involuntariamente.

A primeira e segunda edições da Mostra de Teatro de São Paulo - São Palco foram realizadas pelo Teatrão em 2012 e 2013, com a apresentação de vários espetáculos do chamado “Teatro de Grupo” da capital paulista nos palcos de Coimbra, Guimarães, Porto, Santa Maria da Feira, Torres Vedras e Torres Novas, entre os quais "Ópera dos vivos, da Companhia do Latão; Hysteria", do grupo XIX; "Luis Antônio Gabriela", da Companhia Mungunzá de Teatro; "Orfeu mestiço", do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos; "Mire veja", da Companhia do Feijão; e "Quem não sabe mais quem é, o que é e onde está, precisa se mexer", da Companhia São Jorge de Variedades.

Mas Brasil e Portugal mudaram, como é óbvio. Se, nas palavras do filósofo Paulo Arantes (em entrevista a Beth Néspoli para O Estado de São Paulo, 16/07/2007), “a tradição crítica brasileira migrou e renasce[u] na cena redesenhada por esses coletivos de pesquisa e intervenção”, qual o balanço possível de fazer, mais de dez anos depois — ou duzentos — do apogeu do teatro paulistano (e brasileiro)?

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