Investigação da UC é tema de capa da revista internacional Cortex

25 julho, 2019≈ 4 mins de leitura

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Uma investigação da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) sobre a forma como o cérebro funciona em rede é o tema de capa de edição de agosto da revista Cortex, uma das mais conceituadas publicações internacionais da área da Neurociência Cognitiva.

Intitulado “Action at a distance on object-related ventral temporal representations”, o artigo que faz capa da mais recente edição da Cortex é o fruto de uma investigação levada a cabo pela equipa do Proaction Lab – Laboratório de Perceção e Reconhecimento de Objetos e Ações da FPCEUC, liderada por Jorge Almeida, com a colaboração do Departamento de Psicologia da Universidade de Carnigie Mellon (dos EUA). Seguindo a linha de investigação do projeto ContentMAP – que procura estudar a forma como a informação é mapeada no cérebro humano e recebeu em 2018 um financiamento de 1,8 milhões de euros do Conselho Europeu de Investigação – o trabalho agora publicado demonstra o modo como o cérebro funciona como uma rede, partilhando informação de forma ultrarrápida.

Os investigadores verificaram que, embora seja processada numa determinada área do cérebro, a informação visual que adquirimos ao observar objetos, é gerida também em áreas fisicamente distantes. “Esta descoberta é importante porque veio confirmar que o processamento da informação não é apenas local, mas sim global. Este processo depende de outras áreas mais afastadas que processam o mesmo tipo de informação”, aponta Jorge Almeida.

Para além da co-autoria do artigo, a equipa do Proaction Lab foi também responsável pela conceção da imagem que faz capa desta edição (volume 117) da Cortex, ilustrando um modelo de cérebro constituído por fios [em que o elétrodo representa o estímulo e a luz é a resposta a esse estímulo, numa região afastada do cérebro]. “O conceito que melhor explica a nossa investigação é o do funcionamento do cérebro em rede, que está evidenciado na imagem pelos cabos eletrónicos que o constituem”, explica o investigador e diretor do Proaction Lab.

No estudo foram utilizadas técnicas de neuroestimulação não-invasivas para temporariamente ativar uma área do cérebro. Utilizando o método de ressonância magnética funcional, mediram-se as respostas neuronais nas restantes áreas dessa mesma rede. “O modelo ilustra ainda que o local onde é feita a estimulação gera uma resposta numa zona mais afastada, demonstrando que as áreas estão conectadas”, completa Jorge Almeida.

Revista Cortex

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Rui Simões
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