Nelson Oliveira esteve na Universidade de Coimbra (UC) para a apresentação dos novos equipamentos de ciclismo que vão ser utilizados nos Jogos Olímpicos 2016. A UC está uma vez mais a contribuir para a prestação dos atletas portugueses no Rio de Janeiro.
Para além de potenciar o treino do atleta com as condições climáticas que vai encontrar no Brasil, a UC contribuiu na concepção de um novo fato produzido em exclusivo para o campeão português de contrarrelógio.
“Temos um fato contrarrelógio que foi desenvolvido para estas condições [do Rio de Janeiro], por causa da respiração e da aerodinâmica”. Nelson Oliveira, que esteve na câmara climática criada pela UC, afirma que, “com a ajuda da Universidade de Coimbra, da ONDA e da Federação Portuguesa de Ciclismo, estamos a trabalhar para chegar ao Rio nas melhores condições”.
Além de simular as condições atmosféricas do Rio de Janeiro, a UC foi fundamental no desenvolvimento do equipamento para o ciclista. “Nós sabemos quais são as zonas do corpo onde há mais libertação de calor e a empresa produtora dos fatos recebeu essa informação e ajustou a porosidade e a densidade do tecido tendo em conta estes aspetos”, explica Manuel Gameiro, do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (DEM/FCTUC).
O fato, desenvolvido pela ONDA, foi produzido com base em três premissas. Segundo o representante da marca, Helder Rosendo, o primeiro objetivo foi a criação de um equipamento “que se ajustasse ao máximo às caraterísticas morfológicas do Nelson”. Foi também necessário ter em conta uma “escolha criteriosa dos materiais” com base nas informações da Universidade de Coimbra “sobre questões aerodinâmicas e fisiológicas”. O responsável acrescenta ainda que a fase final foi composta pela realização de ensaios sobre “a capacidade de absorção de suor do material de evaporação e dissipação”.
“Pela primeira vez, a ONDA faz um fato contrarrelógio que é à medida do ciclista e que, ao mesmo tempo, estuda o mapeamento dos tecidos aplicados nas diferentes zonas tendo em conta aquilo que são as exigências de cada localização”, destaca Helder Rosendo. De acordo com o responsável, o equipamento também permite atingir um “segundo objetivo” de “baixar 20% ao peso relativamente ao material no fato que estava a ser utilizado na geração anterior, portanto este ganho em peso também se traduz num ganho de conforto para o atleta”, explica.
A UC está a utilizar ainda o “túnel de vento de maiores dimensões do país” para contribuir no treino dos atletas olímpicos, afirma Manuel Gameiro. Segundo o docente, o túnel é utilizado “para melhorar o fato ainda mais em termos aerodinâmicos, porque no contrarrelógio qualquer milésimo de segundo conta”.
Nelson Oliveira, que vai disputar a prova contrarrelógio a 10 de agosto nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, aprovou o novo equipamento que considera “bastante mais fresco”. Segundo o ciclista, “há bastantes melhorias na questão da aerodinâmica” e ainda no trabalho realizado “em certos tecidos onde se nota que a respiração do fato na transpiração é totalmente diferente”.
O atleta que comemorou recentemente o terceiro lugar no contrarrelógio da 13.ª etapa da Volta a França, promete “dar o melhor em cima da bicicleta e com as bandeiras do país”. Nelson Oliveira destaca a vontade de querer “desfrutar simplesmente dos jogos” sem “uma obsessão” por medalhas, mas sim com o principal objetivo de “ficar nos 10 primeiros”. “Depois, o que vier daí é sempre bom”.
Reportagem de Ana Zayara, estudante de Jornalismo e Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.