Dia Internacional das Florestas: como valorizar os resíduos florestais?
A resposta é dada pelo projeto “Value2Prevent” que cria blocos para utilizar na construção civil, a partir de restos de folhas e pedaços de madeira.
Quem diria que usar folhas e pedaços de madeira triturados serviria para criar um bloco para ser usado na área da construção? A fórmula foi desvendada por uma equipa de cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
Eucalipto, pinheiro-bravo e medronheiro são algumas das biomassas já testadas, tanto separadas como em mistura. "Decidimos também incluir outros resíduos, como por exemplo, de cortiça", acrescenta o investigador do Centro de Ecologia Funcional do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da FCTUC, João Martins.
Para unir os resíduos florestais entra em cena um fungo que vai começar a degradar a biomassa, processo que une todas as partículas. Ao fim de cerca de um mês, o produto é seco para inativar o fungo, dando origem a um espécie de bloco de cimento “consistente e compacto”. O produto pode ser usado no interior de duas placas de madeira, em paredes interiores de edifícios, substituindo os materiais sintéticos.
A solução encontrada promete, desde logo, incentivar os produtores florestais a limpar os terrenos. "A ideia foi criar um produto de valor acrescentado que estimule o aproveitamento dos resíduos", refere João Martins.
Em segundo lugar, é um produto 100% biológico, sustentável e vantajoso "numa lógica de economia circular". Em termos de pegada ecológica "também oferece grandes benefícios porque substitui produtos à base de petróleo", adianta. Apesar de ainda estar em fase de testes, o produto "terá características muito interessantes em termos de isolamento, quer acústico quer térmico". À lista de vantagens, João Martins acrescenta "o baixo custo do produto".
O produto foi desenvolvido no Laboratório de Biotecnologia Vegetal do DCV por uma equipa de investigadores liderada por Jorge Canhoto e integra o projeto “Value2Prevent”, promovido pelo SerQ – Centro de Inovação e Competências da Floresta.