Mulheres da UC na Ciência: Marcela Matos
A investigadora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Marcela Matos, é a convidada de dezembro da rubrica Mulheres da UC na Ciência.
“Sempre tive muito interesse em compreender melhor os outros, o que se passava na cabeça dos outros e também na minha própria cabeça”, conta a investigadora do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), Marcela Matos.
Em parte, a paixão pela psicologia nasceu em meio familiar. “Tenho uma tia muito próxima que é psicóloga e que tirou o curso na FPCEUC”. De criança, guarda na memória “os corredores desta faculdade” e “os cortejos da Queima das Fitas”.
Marcela Matos exerce a vertente clínica ao mesmo tempo que desenvolve investigação, dois caminhos que se cruzam e se completam. Na tese de doutoramento explorou o sentimento de vergonha, estudo que a levou a descobrir a importância da compaixão no combate aos possíveis efeitos das experiências constrangedoras.
Desde aí que a compaixão tem sido o foco do seu trabalho. Marcela Matos olhou para a pandemia de covid-19 como uma oportunidade de estudar “em que medida é que a compaixão e a nossa ligação aos outros nos podem proteger, à escala global, do impacto negativo que a covid-19 pode ter nas nossas vidas”. A iniciativa alcançou rapidamente contornos internacionais, envolvendo investigadores de mais de 20 países.
A nível nacional, a investigadora está a implementar um projeto nas escolas que tem como objetivo dotar os mais jovens de ferramentas que os ajudem a gerir as emoções e, claro, a praticar a compaixão.
No horizonte, a “mente de cientista” de Marcela Matos tem a inteligência artificial como desafio, tecnologia que acredita poder ser útil para melhorar o bem-estar mental do ser humano.
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Marcela Matos é psicóloga clínica, investigadora auxiliar no Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC), e docente na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, onde desenvolve intensa atividade científica em projetos nacionais e internacionais nas áreas da psicologia clínica evolucionária, intervenções focadas na compaixão e abordagens contextuais comportamentais e contemplativas.
Atualmente, o seu principal interesse de investigação foca-se no desenvolvimento, implementação e estudo da eficácia de intervenções focadas na compaixão na promoção do bem-estar mental e físico em diferentes populações (e.g., população geral, professores), bem como o estudo do impacto destas intervenções em marcadores biofisiológicos e mecanismos epigenéticos de prosocialidade e stress. Recentemente, liderou um projeto de investigação multinacional que explorou o papel protetor da compaixão no contexto da pandemia Covid-19 em 23 países de todo o mundo.
Publicou mais de 90 artigos científicos e capítulos de livros sobre os tópicos de compaixão, vergonha, autocriticismo, regulação emocional, psicopatologia e bem-estar, em diversas populações clínicas e não clínicas. É ainda autora de mais de 190 trabalhos científicos apresentados em eventos científicos internacionais. É membro filiada da Compassionate Mind Foundation e da Associação Portuguesa para a Mindfulness, e membro fundador e executivo da Global Compassion Coalition na qual coordena a Comissão Científica.