Equipa de investigação do Centro de Neurociências e Biologia Celular recebe Prémio Mantero Belard

A equipa vai receber 200 mil euros para realizar investigações para confirmar se pacientes com Doença de Parkinson esporádica possuem no intestino um tipo de bactéria que produz neurotoxinas.

02 dezembro, 2016≈ 3 mins de leitura

© UC | Marta Costa

Uma equipa de investigação do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) coordenada por Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas irá receber 200 mil euros do “Prémio Mantero Belard” da Santa casa da Misericórdia de Lisboa para confirmar se pacientes com a Doença de Parkinson esporádica, ligada ao envelhecimento, possuem no intestino um tipo de bactéria que produz neurotoxinas (toxinas que lesam o sistema nervoso).

Os investigadores pretendem averiguar se determinadas neurotoxinas são transportadas até ao cérebro, atacam as células do sistema nervoso central (neurónios) e, mais precisamente, as mitocôndrias, as “fábricas de energia das células”.

Os cientistas sabem que existe uma comunicação entre as bactérias que vivem no intestino (a microbiota intestinal) e os neurónios e que nos doentes de Parkinson “os neurónios afetados têm uma disfunção nas mitocôndrias”.

Por outro lado, nos doentes de Parkinson, as células do intestino, os enterócitos, têm agregados de proteínas que são também “um marcador neuropatológico no cérebro”, salientou Sandra Cardoso.

A equipa irá estudar a presença dessas bactérias no material fecal e no plasma (um dos componentes do sangue) de pacientes, e a existência das neurotoxinas em cérebros de pacientes de Parkinson, já falecidos. Posteriormente, irão analisar, em experiências in vitro e in vivo, com ratinhos, se há disfunção mitocondrial provocada por estas bactérias no intestino, e alteração do comportamento motor.

Finalmente, a equipa, que engloba especialistas em neurologia, microbiologia e bioinformática, propõe-se identificar os genes responsáveis pela produção das neurotoxinas e, se o conseguir, obter uma molécula que possa ser utilizada no tratamento de doentes de Parkinson.

Os Prémios Santa Casa Neurociências distinguem trabalhos de investigação com “forte componente clínica” que permitem “a recuperação e a consequente melhoria da qualidade de vida das pessoas afetadas”.

Partilhe