Apresentadas memórias de “um Reitor único”

Obra "Vinte Meses de Inferno - O meu Reitorado na Universidade de Coimbra (1970-1971)" de José de Gouveia Monteiro foi apresentada no Auditório da Reitoria da UC.

17 setembro, 2021≈ 4 mins de leitura

© UC | Marta Costa

“Apesar de evocar um período conturbado da história da UC, o estilo é sereno”, sublinhou João Gouveia Monteiro. “Não é um livro contra ninguém muito menos um ajuste de contas com a história”, acrescenta. “Vinte Meses de Inferno – O meu Reitorado na Universidade de Coimbra (1970-1971)” de José de Gouveia Monteiro e editado pela Imprensa da Universidade de Coimbra, foi apresentado num Auditório da Reitoria cheio. Atuais e antigos dirigentes da Universidade e Associação Académica de Coimbra, colegas, familiares e amigos juntaram-se para conhecer as memórias do antigo Reitor.

De acordo com João Gouveia Monteiro, o objetivo é que “este livro contribua para iluminar um período tão agitado quanto interessante da história da UC e ao mesmo tempo ajude as gerações mais jovens a perceber o que era o realmente a universidade nos anos imediatamente anteriores do 25 de abril e a perceber quais as dificuldades com que então se tinha de lidar. Talvez isso nos ajude a todos a construir uma comunidade académica mais lúcida, mais proactiva e mais fraterna”. No final, espera que a obra ajude “a UC a conhecer-se melhor e à sua história”.

A apresentação esteve a cargo de Celso Cruzeiro, antigo dirigente estudantil, que classificou José de Gouveia Monteiro como “um reitor único da nossa universidade”. “Não estávamos habituados a ter um homem assim”, referiu. Em nome da Academia de Coimbra, o presidente da Direção-geral da Associação Académica de Coimbra, João Assunção, afirmou ter “um sentimento de emoção e orgulho” em estar presente. O dirigente estudantil acredita que a leitura das memórias de José de Gouveia Monteiro é como “entrar numa verdadeira cápsula do tempo”.

“Não é fácil para um Reitor falar dos seus antecessores”, disse Amílcar Falcão, atual Reitor da UC. “Todos, sem exceção fizeram o que sabiam e podiam, e deixaram o seu legado”, continuou. Para Amílcar Falcão, José de Gouveia Monteiro deixou “um livro fantástico do ponto de vista da riqueza humana” mostrando “coragem, integralidade e personalidade esmagadoras” num momento de grande adversidade. “Foi um reitor à frente do seu tempo que soube perceber que as coisas não se resolveriam sem os estudantes e sem a sociedade”, concluiu.

Sinopse: “Vinte Meses de Inferno – O meu Reitorado na Universidade de Coimbra (1970-1971)”
Este livro constitui uma revisitação, feita pelo próprio duas décadas mais tarde, do Reitorado de José de Gouveia Monteiro na Universidade de Coimbra (1970-1971). No período final do Estado Novo, um Ministro (Veiga Simão) quis regenerar a Universidade portuguesa; um professor de Medicina (Gouveia Monteiro) foi escolhido para o fazer em Coimbra. Um ano depois da crise de 1969, com as feridas por esta abertas ainda por sarar, num país incandescente feito de esperança e desencanto, um jovem Reitor assumiu a missão impossível de pacificar, despolitizar e reformar a Universidade de Coimbra. É essa aventura extraordinária de vinte meses que estas Memórias evocam. Pela primeira vez e de uma forma rigorosa e amplamente sustentada em documentos da época.

Veja a sessão na íntegra aqui.

Marta Costa e Karine Paniza
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