Mulheres da UC na Ciência: Ana Ledo
Ana Ledo é investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e professora da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. É a convidada de novembro da rubrica Mulheres da UC na Ciência.
Ingressou em Bioquímica nos anos 90, numa altura em o curso "estava a florescer". O "desconhecimento" que envolvia a Bioquímica atraiu ainda mais Ana Ledo. Aliado ao interesse em investigar, que a acompanha desde os tempos de criança, cedo ficou claro que era esse o caminho a seguir. Atualmente, é docente na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) e investigadora no Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC).
"Lia muitas vezes a National Geographic", recorda, "e aquele mundo de procurar respostas para perguntas fascinava-me". Hoje faz isso mesmo, tendo como objeto principal de estudo o sistema nervoso central, em particular, moléculas que afetam, direta ou indiretamente, o desenvolvimento de doenças degenerativas, como o alzheimer. Cada investigação é dirigida "tendo em vista que há-de haver um momento em que nós conseguimos produzir ferramentas para o uso no ser humano".
Do início de carreira recorda o plano que traçou com uma colega "para dominar o mundo, enquanto mulheres". Apesar de nunca se ter sentido discriminada, reconhece que "há muitas mulheres que têm dificuldade em aceder a coisas tão simples como a educação básica". E no momento de conciliar a investigação com a vida doméstica, "há uma certa incompreensão por parte da família sobre o porquê de estarmos a ir ao sábado para o laboratório", explica. A ideia não passou de uma brincadeira, mas teve sempre um lado sério e uma intensa vontade de mitigar as dificuldades vividas pelas mulheres.
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Ana Ledo concluiu o Doutoramento em Bioquímica na Universidade de Coimbra em 2007, sendo hoje professora auxiliar na Faculdade de Farmácia (Laboratório de Bioquímica e Biologia) e investigadora no Centro de Neurociências e Biologia Celular, na Universidade de Coimbra.
O seu trabalho de investigação começou por estar centrado no estudo de uma pequena molécula que é um radical livre e que desempenha um papel fundamental em processos de sinalização no cérebro: o óxido nítrico. Focando-se numa estrutura do sistema nervoso central que desempenha funções críticas nos processos de memória e aprendizagem – o hipocampo – procurou caracterizar como o óxido nítrico era aí produzido e qual o seu papel na regulação do metabolismo energético.
Ao longo do seu percurso científico, investigou ainda como a via de sinalização dependente do óxido nítrico fica comprometida em processos de envelhecimento e neurodegenerescência como o observado na doença de Alzheimer. Mais recentemente, tem focado a sua atenção no estudo da forma como as diferentes células no tecido nervoso (neurónios de glia) cooperam nos processos de produção de energia – acoplamento neurometabólico – com particular enfoque na desregulação observada em situações como a convulsão epilética. Todo este trabalho tem sido sempre associado ao desenvolvimento de novas ferramentas que permitem monitorizar moléculas de interesse no tecido nervoso – biossensores eletroquímicos.