Presidente da República inaugura Mural de Homenagem à Crise Académica de 1969

Centenas de pessoas acorreram à Rua Padre António Vieira, onde se localiza o Edifício Sede da Associação Académica de Coimbra e o novo mural, para presenciarem a cerimónia.

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Maria Cano e Ana Bartolomeu (texto e vídeo)
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Paulo Amaral (fotos)
17 abril, 2024≈ 3 mins de leitura

© UC | DCOM

Os 55 anos da Crise Académica de 1969, a 17 de abril, serviram de mote para a Associação Académica de Coimbra (AAC) avançar com um mural em homenagem à data e ao seu protagonista, Alberto Martins.

Durante a inauguração da obra, a luta pela liberdade e pela democracia ontem, hoje e sempre foi frisada por todos os que tiveram a palavra - Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; Reitor da Universidade de Coimbra (UC), Amílcar Falcão; presidente da Direção-Geral da AAC, Renato Daniel; vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Francisco Veiga; e o homenageado, Alberto Martins.

Enaltecendo e agradecendo a “um dos grandes de Portugal”, o Presidente da República afirmou que a “semente lançada por Alberto Martins uniu Coimbra, uniu Portugal” e “marcou o começo do fim da ditadura”.

O famoso ‘Peço a Palavra’ mostrou “voz e coragem, voz e determinação, voz e expressão de uma vontade coletiva, voz e tradução de uma solidariedade de toda uma academia” e também da cidade de Coimbra, e essa voz foi a voz de Alberto Martins”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

Numa cerimónia marcada por várias ovações ao homenageado pelas centenas de pessoas presentes, o Reitor da UC fez questão de relembrar que a democracia tem de se “cultivar” e que é um “processo”, não estando garantida.

Frisando que a UC vai continuar a recordar a data, Amílcar Falcão referiu que “seria bom que agora e sempre os estudantes fossem ouvidos”. Relembrando as lições trazidas pelo 17 de abril de 1969, o Reitor deixou um repto: “Espero que a nossa academia continue a ter esta irreverência, continue a exprimir aquilo que sente, continue a ter liberdade de expressão e de pensamento”.

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O mural, pintado pelos artistas c’Marie e Egrito, foi descrito pelo representante da AAC como um “monumento vivo à coragem, à resistência e à luta pela liberdade”. Renato Daniel expressou o desejo de que a obra sirva também de “farol de esperança, um lembrete constante do poder transformador da ação coletiva, da voz que se levanta contra a opressão e da vontade inquebrável da luta por um mundo melhor”.

Por parte da autarquia, Francisco Veiga salientou o “valor simbólico” do mural, um “testemunho duradouro que pretende manter viva e perpetuar na memória dos presentes e das gerações vindouras um momento crucial da história da Academia de Coimbra, de Portugal e em geral”.

Visivelmente emocionado com a homenagem, Alberto Martins, presidente da Direção-Geral da AAC em 1969, frisou que “não há futuro sem memória” e relembrou o dia histórico. “Afrontando os rostos da ditadura, eu era mais do que eu, eu era a academia de Coimbra, uma geração a pedir a palavra por uma causa justa, dar voz à voz dos estudantes”.

O homenageado enfatizou que ainda hoje, e no futuro, é preciso continuar a lutar pela “defesa da paz e de um desenvolvimento económico, social e ambiental justo”.

Translator's note: On the 17th of April 1969, during a visit to the University of Coimbra by the President of Portugal and other high-ranking representatives of the authoritarian regime known as the Estado Novo [New State], which had been ruling the country since 1933, a young student called Alberto Martins, who was President of the AAC, and the voice of the students of Coimbra, asked to be given the floor. His request was denied. In the ensuing uproar, Martins climbed onto a chair and 'dared' to speak, leading to his arrest. This was the beginning of the Coimbra academic crisis of 1969, and the first stone was laid towards the Carnation Revolution that would take place five years later, on the 25th of April, 1974.

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